Desde 4 de setembro deste ano, a categoria dos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está em greve e não há previsão para o término. Em Venâncio, há dois médicos e ambos estão com os braços cruzados. Devido a essa paralisação, mais de 1,4 milhão de pessoas no Brasil estão na fila do INSS para receberem atendimento. é o caso do motorista de ônibus Marcos Huttmann, 43 anos.
Ele trabalha em uma empresa de refrigeração de Venâncio Aires e se acidentou em casa no mês de junho, quando quebrou os dois pulsos. Segundo ele, a primeira perícia foi marcada para dia 12 de agosto, mas foi remarcada para início de outubro. Em seguida, mais uma vez a data foi transferida para novembro, depois, para 1º de dezembro, e, agora, recebeu a notícia de que, devido à grave, o atendimento será feito apenas no dia 4 de fevereiro do próximo ano.”Em fevereiro vai fechar sete meses, e eu vou ficar sete meses sem receber? Como vou sobreviver e manter a minha família?”, questiona Huttmann.
DIFICULDADESPara se manter, ele conta com o auxílio da esposa e da família, mas com dois filhos para cuidar, um de 1 ano e 9 meses, e outro de 13 anos, a situação não está fácil: “Minha esposa disse: eu queria que já tivesse passado o Natal e o ano novo, porque nem sei se vou conseguir comprar presentes.”
Além disso, não esconde o descontentamento: “Os peritos recebem mesmo em greve, e nós que não estamos recebendo e não temos como voltar a trabalhar? Eu estou apto a voltar a trabalhar, mas não posso, porque não tenho a liberação do médico.”Conforme a gerente da agência do INSS de Venâncio, Mônica Denise Simon, se a primeira perícia ainda não foi feita, de fato não há o que fazer, porque não há médicos para realizar o trabalho. “Tem que esperar a greve terminar”, complementa.
Sobre o caso, explica: “Aquelas pessoas que já estavam em benefício quando os peritos entraram em greve, têm o benefício mantido, mesmo não fazendo perícia.”
Me falaram que eu vou receber. Receber eu vou, mas nesses sete meses, como eu faço para colocar o pão em casa e o leite do pequeno?
REIVINDICAçãO
Entre as principais reivindicações dos peritos, está a efetivação de trinta horas semanais de trabalho, reposição de perdas inflacionárias (27% a cada dois anos), fim de terceirização das perícias e reformas das normas, do ambiente de trabalho e de carreira dos médicos.