Hoje, o grupo Sempre Unidos de Alcoólicos Anônimos de Venâncio Aires completa 38 anos. Através dele, homens e mulheres se reúnem para um único fim: alcançar e manter a sobriedade através da abstinência total de ingestão de bebidas alcoólicas. Com 12 integrantes atualmente, 3 mulheres e 9 homens, o grupo do município tem encontros duas vezes por semana, recebe pessoas de todas as doutrinas e sobrevive financeiramente através dos próprios membros que contribuem de forma espontânea.
O aniversário não passou em branco. Para comemorá-lo, o grupo reuniu-se em um jantar na noite de ontem. Um dos membros, o aposentado Norberto, 70 anos, tem participação há 28 anos, e salienta que nos encontros, os quais ocorrem nas segundas e quintas-feiras, das 20h às 22h, cada participante conta sobre suas experiências e vivências em uma roda de conversa. Além disso, fazem leituras, recomendações e dão sugestões uns aos outros. Não é necessário que cada integrante fale o sobrenome e comente sobre a vida particular. “Existem pessoas que eu conheço há anos, mas não sei nem o sobrenome. Quem não quiser, não precisa falar, pode ser anônimo, como o próprio nome diz”, comenta o aposentado.
A força de vontade é importante, mas não é tudo, pois muitas vezes a pessoa tem a maior força de vontade, mas bate a tentação e volta a beber”
DIREITOS IGUAIS
Norberto salienta que há muitos anos teve grande envolvimento com o álcool, conseguiu se recuperar, mas mesmo assim, continuou no grupo para poder auxiliar mais pessoas. Alguns que já passaram pelo processo de recuperação optaram por auxiliar quem precisa.
Para o aposentado, no grupo, todas as pessoas possuem os mesmos direitos: “Ninguém é mais do que ninguém, cada um é livre para compartilhar a história que tem sobre o álcool.” Segundo Norberto, o alcoolismo é considerado uma doença e não tem cura. Ele explica: “Se a pessoa acha que está recuperada e toma o primeiro gole, com certeza vai querer tomar o segundo e assim por diante.”
MOTIVOS
Segundo ele, um dos principais motivos para as pessoas entrarem nesse ‘mundo do alcoolismo’, é a influência dos amigos. “Alguns pensam que precisam beber para terem amigos e fazerem parte da turma, mas quem tem tendência ao álcool, começa a beber e tem dificuldade para parar”, salienta.
Ainda acrescenta: “Muitas pessoas não param de beber por total e livre espontânea vontade, muitas vezes, é por pressão dos familiares.”
CONSEQUêNCIAS
Conforme o membro, a maioria das pessoas que entram no grupo conseguem parar de beber. “A força de vontade é importante, mas não é tudo, pois muitas vezes a pessoa tem a maior força de vontade, mas bate a tentação e volta a beber”, comenta. Segundo Norberto, muitos que já integraram o grupo Alcoólicos Anônimos (AA), perderam bens materiais e se distanciaram da família e amigos em função do álcool. Quando notam que o uso do mesmo está em excesso e trazendo prejuízos à vida, uma das soluções encontradas é a integração com o AA. “Através dos encontros, as pessoas passam a ver as coisas de uma forma diferente, mudam o pensamento e começam a viver melhor, pois a realidade muda e a vida se transforma”, comenta.
Norberto pretende continuar no grupo por mais alguns anos, para passar o conhecimento que tem, ouvir e compartilhar histórias e experiências.