Jovem do interior de Venâncio Aires é fã da franquia de filmes ‘Se Meu Fusca Falasse’ e decidiu personalizar o próprio carro.
No fim da década de 1960, os estúdios Disney lançaram um dos seus maiores clássicos, que mistura comédia e fantasia: ‘The love bug’, ou, como ficou conhecido no Brasil, ‘Se meu Fusca Falasse’. Sendo um país que, durante décadas teve o Fusca como o carro mais popular, o filme rapidamente conquistou fãs brasileiros. Tanto que, até os dias de hoje, há quem se refira ao Fusca simplesmente como ‘Herbie’, como era o nome do automóvel do filme. Isso, sem fazer distinção de cor ou de modelo.
Mas, no interior de Venâncio Aires, mais precisamente em Vila Palanque, a reportagem encontrou um Herbie a rigor: branco, com detalhes em vermelho e azul, além do número 53 nas portas e no capô. Ele pertence a Éverton Luiz Vogt, de 25 anos. O jovem, formado em técnico de Enfermagem e Licenciatura em Ciências Biológicas, comenta que conheceu a história ainda criança, nas reprises dos canais de TV aberta. “O SBT passava muito o filme de 1968, foi a primeira vez que vi. Mas, como nasci em 2000, o que mais assisti foi ‘Herbie – Meu Fusca Turbinado’, de 2005. Esse eu assisti várias vezes, pois passava seguidamente na Sessão da Tarde, da Rede Globo. Também cheguei a ter o DVD. O restante dos filmes [são seis ao todo], assisti nas plataformas de streaming”, afirma.
Filmes sobre carros
Éverton conta que filmes e desenhos animados sobre carros sempre foram os seus favoritos, no entanto os filmes com o Herbie chamavam mais atenção por alguns detalhes. “Ele era de estimação, tinha sentimento, era rebelde [risos], só andava bem se o dono tinha carinho por ele. E quem queria maltratá-lo, se revoltava, não funcionando ou soltando algumas peças [risos novamente]. Mas outro aspecto era ver o Fusca como carro de corrida, ganhando de carros bem mais velozes que ele”, lembra.
O Fusca tem vida própria?
O Fusca branco ano 1976 é o primeiro carro de Éverton. Entrou na vida dele em 2022, comprado em Venâncio Aires mesmo. O jovem queria que fosse na cor branca, justamente pensando na customização. “Assim que foi comprado, já providenciei os adesivos, espelhando na imagem do Herbie do filme. Depois foi reformada parte da ‘caixa das marchas’ e trocadas algumas peças para melhorar o funcionamento.”
Perguntado se o carro tem ‘vida própria’, como no filme, Éverton recorda de alguns momentos tensos, mas que sempre renderam boas risadas. “Acontecia de estar andando pelas estradas do interior e, do nada, ele trocar as marchas sozinho.” Em outra oportunidade, lembra que, ao buscá-lo numa oficina, a porta não abria de jeito nenhum, sendo que nem tinha sido chaveada. “Até o mecânico comentou que o Fusca tinha incorporado o Herbie do filme.”
Quando circula com ele na área urbana, é comum as pessoas pararem, olharem e exclamarem “Olha o Herbie aí!”, ou, quando estaciona, pedirem para fazer uma foto ao lado do veículo. Para não fugir do costume, então, esta repórter também pediu uma foto, além de ter tido a oportunidade de ir na carona e até dirigi-lo.
Lembrança dos alunos
Embora um clássico, o Fusca ou a história do filme seguem despertando curiosidade entre as gerações mais novas. Éverton Luiz Vogt conta que, durante seu estágio numa escola municipal de Venâncio Aires, os adolescentes adoravam ver o Herbie e faziam várias perguntas sobre o carro. Quando concluiu o trabalho como estagiário, os alunos pediram para fazer uma foto da turma e o carro. “Essa foto ficou muito linda, a turma imprimiu a foto, assinaram, colocaram num porta retrato e me deram na minha despedida. Está na estante de casa.”
Gosto por Fusca
Antes de ser fã do Herbie, Éverton é fã dos Fusca de forma geral. “Sempre foi um carro que me chamou atenção, pelo formato, estilo e também por ser algo antigo. Tem uma variedade incrível de cores e o barulho do motor é um som diferente dos demais carros. Lembro que meu pai também tinha um quando eu era pequeno e eu adorava andar de carona. Por isso, meu primeiro carro precisava ser um Fusca.”
O gosto pelo carro é coisa, também, de sangue. O pai de Éverton, Nestor Antonio Vogt, 62 anos, já teve alguns modelos. Entre eles, um Fusca 1.300, cor verde abacate, ano 1981. “Comprei ele em 1996 e foi meu primeiro carro”, conta o agricultor. Outro modelo que teve foi o Fusca ‘Itamar’, ano 1994, cor verde taiti. O nome era devido a uma edição especial da Volkswagen lançada em 1993, iniciativa do então presidente Itamar Franco, com o objetivo de oferecer um carro popular.
Na história familiar, outro apaixonado por Fusca era Pedro Saldanha (1931-2001), avô materno de Éverton. “Ele nunca dirigiu, nem teve carro. Mas adorava pegar carona dos vizinhos que tinham. Vivia falando de Fusca”, conta Vera Lucia Vogt, 55 anos, mãe de Éverton e filha de Pedro. Vera nunca dirigiu um Fusca, nem qualquer outro carro. Mas revela que domina o trator na lavoura.
Mamonas Assassinas
Para um jovem que gosta de coisas do passado, Éverton revela outra paixão: é fã da banda Mamonas Assassinas, fenômeno da música brasileira na metade da década de 1990. O sucesso meteórico, infelizmente, durou apenas alguns meses, já que todos os integrantes morreram num acidente de avião, em março de 1996. O jovem tem camisetas, moletom, já viu show da banda que faz o tributo e fez o filme biográfico dos Mamonas. Além disso, a banda foi o tema do aniversário de 24 anos do Éverton.