Em um período que o fornecimento de energia volta ao centro dos debates, Venâncio Aires também avalia a estrutura atual para o abastecimento da cidade. Com duas subestações de fornecimento, o município possui capacidade instalada para suprir a demanda. O desafio atual na distribuição de energia no município é no perímetro rural, que possui pouca força para suprir as necessidades das propriedades.

Atualmente a companhia, AES Sul, é responsável pela distribuição de energia na Capital do Chimarrão. São mais de 29 mil clientes atendidos no município. A capacidade instalada é a mesma desde 2009, 66 MVA (megavolts-ampere). O volume recebido pela cidade tem garantido o abastecimento. Para suprir a demanda duas subestações estão em operação. A Usina Hidrelétrica (UHE) Leonel de Moura Brizola, em Salto do Jacuí é a principal fornecedora de energia para a região. Mesmo sem registrar problemas, a projeção de crescimento no consumo de energia exige mais investimentos. Para isso, a AES Sul projeta para 2017 a ampliação da capacidade instalada nas subestações de energia. A previsão é ampliação em 25 MVA, com investimento superior R$ 4,3 milhões.

Em avaliação da estrutura atual o prefeito Airton Artus afirma que a cidade tem garantido o abastecimento necessário, sem problemas estruturais. Embora afirme que a capacidade para a indústria tenha apresentado dificuldades, no que se refere a força, ele destaca que a estrutura na área urbana mantém os serviços de forma constante.

 

O desafio apontado pelo gestor é na energia rural, que não supre a demanda existente atualmente nas propriedades. “Este é o nosso desafio, a rotina no campo mudou, porém o fornecimento não acompanhou o crescimento da demanda. Não há falta de energia no interior, porém, a força é fraca, não garantindo o funcionamento de máquinas nas propriedades.”

A construção de redes trifásicas ocorrem em parceira com o poder público e as concessionarias, justamente buscando garantir qualidade na distribuição de energia no perímetro rural. Conforme o secretário municipal do Planejamento, Orçamento e Gestão, Telmo Kist, a estrutura atual nas redes principais tem garantido estabilidade no sistema. “Acompanhamos projetos feitos pela AES Sul para os próximos anos e mantemos contatos para evitar problemas estruturais. O abastecimento no interior segue sendo o nosso principal trabalho de diálogo, já que as redes são antigas e não suprem o aumento da demanda.”

Sistema é modelo mas necessita de investimentos, diz professor

O professor do Curso de Engenharia Elétrica da Univates, Ederson Pereira Madruga, destaca que o atual sistema elétrico brasileiro é referência no mundo, porém os investimentos precisam ser constantes. Além disso, alternativas na geração de energia precisam ser projetadas, já que a maior parte é gerada por hidroelétricas, que não garantem o abastecimento total em períodos de estiagem.

“Com este fenômeno climático que atravessamos, principalmente as regiões sudeste e centro-oeste sofrem com uma longa estiagem, fica evidente que o Brasil necessita repensar a estratégia adotada. Apesar de o governo garantir que não haverá apagão, o sistema opera com pequena margem de folga, o que em uma contingência mais expressiva pode ocasionar interrupções de maiores proporções,” explica.

Referente a distribuição para os clientes, Madruga explica que as empresas responsáveis anualmente efetuam planejamento projetando os próximos 10 anos. O crescimento da economia depende da geração da energia, porém, os investimentos não acompanham as necessidades projetadas. “Se queremos subsidiar o crescimento da economia, que indiscutivelmente necessita da energia elétrica, é necessário maior investimento, principalmente integrando estratégias de geração, transmissão e distribuição em cenários de déficit e clima adverso,” conclui.