Foto: Taiane Kussler / Folha do MateVítimas de violência sexual são atendidas no Pronto Atendimento do HSSM, em uma sala reservada
Vítimas de violência sexual são atendidas no Pronto Atendimento do HSSM, em uma sala reservada

O Hospital São Sebastião Mártir possui certificação nos serviços de acolhimento de pessoas em situação de violência sexual, ao ser considerado uma referência na área da rede pública de saúde. A certificação foi fornecida pela Secretaria Estadual de Saúde, no dia 28 de março deste ano. A instituição foi a primeira da região a receber o certificado, pois desde 2015 vem realizando as notificações dos casos ao Estado, através do Centro de Atenção a Doenças Infectocontagiosas (Cadi). Com isso, o HSSM tem certificação para abranger o serviço a todo Vale do Rio Pardo.

Segundo a coordenadora de enfermagem do hospital, Lisane Emmel, a Secretaria Estadual de Saúde está elaborando uma cartilha de informações para divulgar oficialmente à microrregião, que o HSSM é referência, para que as vítimas de violência sexual dos municípios vizinhos sejam encaminhadas para Venâncio Aires. “As pessoas têm muito medo em relação à violência sexual. É uma questão cultural que impede que as vítimas tomem a iniciativa de buscar um apoio médico, tornando a decisão ainda mais difícil. Pretendemos dar um suporte e, de alguma forma, contribuir para desconstruir estes conceitos, ao oferecer a assistência necessária às vítimas”, afirma Lisane. A coordenadora ressalta que todas as informações são mantidas em sigilo. “Nosso atendimento também é voltado para a questão psicológica do agressor em casos de violência doméstica.”

Os casos geralmente já são identificados durante a triagem no Pronto Atendimento, onde o paciente é recebido em uma sala restrita e tem o apoio profissional para expor a situação de vulnerabilidade. “Em alguns casos, orientamos a vítima a procurar a Delegacia de Polícia para realizar a denúncia contra o agressor, mas esta é uma decisão do paciente”, pondera.

A enfermeira do Pronto Atendimento, Renata Bittencourt, é uma das que possui contato direto com as vítimas de violência sexual. Ela percebe que, algumas das vítimas, têm dificuldade de expor o problema com medo das consequências familiares que podem surgir e, muitas delas, preferem ficar submissas à situação.

Conforme a técnica de enfermagem e controle de infecção, Jesuane Inês Bourscheidt, algumas vezes as vítimas têm medo de expor suas fragilidades. “Nosso papel é ajudar aos outros, para que possamos prevenir, evitar e oferecer o tratamento adequado ao paciente vítima de abuso. Jesuane ressalta que é importante procurar assistência médica enquanto há tempo, para evitar consequências futuras na saúde. Ela acrescenta que a maioria dos casos acontece entre adolescentes durante relacionamentos momentâneos, mas pode atingir qualquer faixa etária. Dos seis casos notificados no HSSM desde 2015, todas as vítimas são mulheres, sendo que a mais nova com 18 anos e a mais velha com 75.

Como funciona o procedimentoNo primeiro momento é realizada a triagem no Pronto Atendimento e a vítima passa pela consulta médica para a realização de exames e recebe a primeira etapa da medicação. Depois, o profissional de saúde vai verificar a classificação do risco da vítima. Caso seja necessária a internação, o paciente recebe acompanhamento psicológico e de assistência social no decorrer do tratamento, além do suporte multiprofissional de médicos, técnicos de enfermagem e enfermeiros.

Durante a internação também são realizados serviços de controle de infecção hospitalar. A medicação inicial é oferecida pela própria instituição e, posteriormente, a vítima é encaminhada ao Centro de Atenção a Doenças Infectocontagiosas (Cadi) que dará continuidade ao tratamento, bem como o fornecimento da medicação.