
Crianças da localidade de Linha Cachoeira, no 3º distrito de Venâncio Aires, estão sem estudar, por conta de uma situação envolvendo transporte escolar na localidade. Desde o início do ano, com a mudança da rota do veículo que leva alunos até as escolas Helmuth Lehmen, Osvaldo Cruz e Sebastião Jubal Junqueira, estudantes precisam se deslocar até 1,3 quilômetro para pegar a kombi. A justificativa da Secretaria Municipal de Educação é de que a estrada não apresenta condições de segurança para o transporte.
Moradores de Linha Cachoeira, Alberi da Silva, 49 anos, Viviane da Silva e Silva, 30 anos, e Vanderlei de Moraes, 36 anos, procuraram a Folha do Mate para relatar o problema. De acordo com eles, até o ano passado, o trajeto era realizado normalmente na estrada vicinal, mas, com a mudança da empresa transportadora e por conta da “falta de condições” do trecho, o roteiro deixou de abranger as propriedades.

Com isso, cinco estudantes, incluindo crianças de 6 anos, passaram a ter que se deslocar até determinado ponto, onde o veículo faz a volta, para retornar para a RSC-422. “Alegam que a estrada não tem condições de transporte, que tem risco de acidente, mas toda estrada tem risco”, considera Silva. Viviane, por sua vez, lembra que, durante dois anos, quando outra empresa fazia o roteiro, “nunca deu problema”.
A filha dela e de Moraes, Daniele Silva de Moraes, 6 anos, já realizou a pré-escola e deveria estar frequentando o 1º ano do ensino fundamental. Entretanto, assim como ela, a filha de Alberi da Silva, Tainara, 6 anos, esteve em sala de aula apenas um dia, desde o início do ano letivo. “Nossos filhos estão fora da escola e isso nos incomoda. Nós fizemos nossa parte, fazendo a matrícula. Agora, a secretaria e a empresa precisam fazer a parte deles”, argumenta Silva.
Contraponto
A alternativa apresentada pela Secretaria de Educação é de que os alunos se desloquem até o ponto de ônibus. Segundo Viviane, o deslocamento de sua filha seria de 1,3 quilômetro, enquanto para as filhas de Silva, seria de 800 metros – a mais velha, Maiara, 14 anos, tem realizado o percurso a pé, para pegar o transporte até a Escola Sebastião Jubal Junqueira, em Vila Deodoro.
Responsável pelo setor de Transporte Escolar da Secretaria Municipal de Educação, Nelson Colombelli afirma que o trecho é considerado de risco e, por isso, o roteiro foi modificado. “É um ‘perau’. É perigoso fazer as curvas com crianças. Não tem condições de passar pelo trecho”, enfatiza.
Ele esclarece que o transporte vai até onde é seguro. “Aí, entra a parte que cabe à família, que é levar o filho até o ponto de embarque, para que ela vá para a escola”, frisa, ao citar a responsabilidade legal dos pais de levarem os filhos até a parada.
Laudo indica “rota sinuosa e íngreme”
Entre os principais argumentos dois pais que reivindicam a ampliação do roteiro do transporte estão um laudo do engenheiro civil do Município, André Bergmann, e as melhorias na estrada realizadas pela Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisp). O documento, datado de 28 de março, foi apresentado em uma reunião com as famílias na Escola Osvaldo Cruz, em 12 de junho.
Conforme o laudo, após vistoria na estrada, com realização de obras no trecho, seria “possível o transporte escolar no local com segurança”. Apesar disso, o documento reforça que “a rota é sinuosa e íngreme e, por isso, é relevante cautela e direção defensiva, na condução de qualquer veículo em condições, especialmente, escolar”.
Bergmann esteve no local e, inclusive, fez a rota com uma kombi, acompanhado do responsável pela empresa de transporte. Ele explica que, para garantir a segurança dos passageiros, o veículo tem que estar preparado, com rodas mais largas e tração reforçada para conseguir subir.
“Mas, geralmente, kombis utilizadas para transporte escolar não estão preparadas para isso. Além disso, eventualmente, em dias de chuva e neblina, o veículo não conseguirá percorrer o trecho, o que complica na questão do transporte, porque a criança precisa ir todo dia para a escola”, pondera.