A inflação medida pelo índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve aceleração em maio e chega a 8,47% em 12 meses, a maior desde 2003. Os consumidores já sentem no bolso o aumento dos valores que, agora, atinge o setor da alimentação. Entre os alimentos com taxas mais altas, aparece, em primeiro lugar, a cebola, com 35,59%.
Como deixar de comer não é possível, há quem opte por comprar alimentos na promoção, como Olmiro e Vanita Trindade, aposentados, ambos, 76 anos. O casal logo pôde notar o aumento dos gastos mensais devido à inflação. Olmiro conta que ele e a esposa chegam a gastar 30% a mais no mercado desde o início do ano. “Quando nós fazíamos rancho, a gente gastava R$ 450 e, agora, gastamos mais de R$ 550. Depois, é capaz do valor chegar a R$600”, comenta com um sorriso.
De acordo com o casal, entre os produtos que mais aumentaram, estão a cebola, tomate, farinha, açúcar e o leite. Embora não tenham reduzido o consumo, para evitar ainda mais gastos, além de investir na compra de produtos na promoção, eles pesquisam em diferentes mercados de Venâncio Aires os preços dos alimentos.
CONSEQUêNCIAS
Além dos consumidores, a alta dos preços também atinge os supermercados, os quais sofrem com a diminuição das vendas. Conforme o comprador Roderlei Lenz, o problema está na sazonalidade e no Governo. Ainda explica: “Muitos alimentos vêm do exterior, o dólar subiu, frete ficou mais caro, a taxa de importação foi alterada e tudo isso interfere no valor do produto.” Segundo o comprador, a cebola bateu o recorde no aumento, pois, desde a primeira quinzena de maio, até então, ficou 50% mais cara.
Os valores passaram a mudar em abril e as consequências já são claras: “A gente nota que as pessoas compram menos, aproveitam as promoções e ofertas. A venda diminuiu cerca de 5%”, conta. Segundo ele, a empresa põe na promoção uma variedade de produtos, por ser vantajoso para ela e também para os clientes.
Lidar com a situação atual da economia, de acordo com o comprador, não é fácil, e a saída é negociar preços. “Muitas vezes, não repassamos todo o valor de aumento para o produto, a fim de não prejudicar o cliente. Para não sair perdendo, temos que jogar: aumentar o valor de um produto e deixar o outro com o mesmo preço”, explica.
Realidade venâncio-airenseA reportagem entrou em contato com alguns estabelecimentos comerciais de Venâncio Aires e verificou que o preço da cebola aumentou em todos eles, em média, 49,63%. A carne de segunda, também sofreu alta nos preços, em torno de 15% em quase todos os locais entrevistados. Apenas um apresentava o mesmo preço desde a primeira quinzena de maio. O valor do arroz foi alterado em nenhum local, enquanto o quilo da batata aumentou em todos. Em um mercado, por exemplo, foi de R$ 1,49 para R$ 2,79. Em todos os estabelecimentos, o número de vendas, de maio até então, reduziu, pelo menos, de 5 a 10%.
Dicas para economizar
Para enfrentar a situação relacionada ao aumento dos preços na área da alimentação, Carlos oferece algumas dicas como: pesquisa de valores dos alimentos, substituição dos mesmos e a procura somente por produtos necessários à alimentação. Além disso é interessante buscar aqueles que estão na promoção e, com eles, fazer estoque. “Outra opção é comprar produtos de marcas mais baratas, só que isso depende muito da questão de gostos de cada um”, ressalta. Um tipo de carne, por exemplo, pode ser substituída por outro mais barato; o arroz pode ser consumido em vez da batata e, a mesma, trocada por aipim.