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Chimarrão venâncio-airense chamou atenção de parlamentar de Portugal, que conversou com lideranças brasileiras do lado de fora da COP, na manhã desta terça-feira (Foto: Daiana Nervo)

No segundo dia da Conferência das Partes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco em Genebra, na Suíça, foi do lado de fora do centro de eventos que sedia o evento internacional que lideranças políticas e representantes da cadeia produtiva do tabaco encontraram o parlamentar português e membro da Comissão de Saúde de Portugal, Sérgio Humberto. Diante de uma temperatura de apenas 2 graus nas primeiras horas da manhã, foi o chimarrão preparado pela comitiva venâncio-airense que atraiu atenção dele e deu início à ‘roda de conversa’, até o grupo brasileiro descobrir que se tratava de um representante do parlamento europeu.

Inteirado do motivo que levava tantos brasileiros a estarem em frente à porta da COP, Humberto lamentou a negativa de acesso aos deputados e prefeitos brasileiros às sessões da conferência. “Enquanto defensor da democracia, acho lamentável os prefeitos e deputados não participarem na convenção. Se estamos numa democracia, obviamente deviam participar e dar a sua opinião. Quando falamos de tabaco, também falamos de uma economia que gera nos seus territórios”, declarou ele, que participa de uma COP pela primeira vez
O parlamentar defendeu equilíbrio nas posições da COP e revelou que há pautas importantes sendo discutidas na Conferência, ao mesmo tempo que, segundo ele, há itens que “não fazem sentido nenhum.” Como exemplo, citou a proposta que visa abolir o filtro dos cigarros. “Não há dados científicos que comprovam que melhora a saúde, bem pelo contrário, é pior do que aquilo que existe. Depois, temos outro item que é abolir a parte privada de comercializar o tabaco, ou seja, as negociações teriam que ser através de organizações sem fins lucrativos. O terceiro ponto destacado por ele é a proposta de proibição da venda de cigarros, postos de de gasolinas, supermercados e lojas. “É preciso encontrarmos aqui algum equilíbrio”, defendeu ele. Portugal, segundo ele, é contra esses itens.
Portanto, isto agora será discutido, vamos escutar”, disse o deputado. Ele acredita que da COP 11 saiam medidas muito híbridas, “porque se observa muita divisão na COP11. Temos que olhar para a saúde, mas também para a economia, para a produção”, finalizou. Há outras coisas muito piores do que o tabaco, como drogas, que precisamos ser muito mais rígidos. “Precisamos tomar medidas baseadas em estudos científicos realistas que comprovem o que é melhor para a população”, defendeu.

Ao avaliar os 20 anos da Convenção-Quadro, disse que observa uma evolução “notória e clara” em vários países e destacou o compromisso de muitas nações para que as novas gerações não iniciem o consumo de tabaco. Por fim, revelou que há discussões dentro da COP para acabar com o tabaco até 2024, ou seja, em até 15 anos. “Isso é questionável, não deixa de ser cultural”, disse ao lembrar que o consumo de tabaco faz parte da história humana há milhares de anos.