Na noite desta segunda-feira, dia 12, o teólogo Leonardo Boff proporcionou um espaço de reflexão no Centro Cultural Univates. O tema “A volatilidade das relações humanas virtuais e o descompromisso com o bem-estar do outro no mundo real” guiou a atividade, que compôs a PROGRAMAÇÃO de inauguração do local.
Na abertura oficial do evento, o bispo Dom Canísio Klaus, da Diocese de Santa Cruz do Sul, agradeceu o convite da Univates e desejou que o momento trouxesse conhecimento e sabedoria. Além disso, o bispo abençoou o Centro Cultural e todos os presentes.
Em seguida, o reitor da Univates, Ney José Lazzari, lembrou que o Centro Cultural deve ser o espaço da cultura na região. “Esse é o espaço onde a gente ri, onde a gente chora, onde a gente e ensina e também aprende. Onde a gente luta por coisas que envolvem o nosso Vale”, ressaltou. De acordo com ele, o Centro Cultural deve ser um espaço de debate, de conversa e de trocas. “Esse espaço é uma forma de devolver a essa região tudo o que ela já fez pela Instituição. Temos aqui grandes causas, e talvez a maior delas seja o desenvolvimento, em todos os aspectos, da região do Vale do Taquari”, salientou Lazzari.
Leonardo Boff iniciou sua palestra explicando sobre sua relação com a internet, exemplificando o tema com um verso escrito há alguns dias, que foi replicado inúmeras vezes, e falando sobre o poder de difusão de informações. “Nós vivemos, de fato, em uma nova fase da Terra e da humanidade, que é a fase da comunicação”, disse.
Citando um verso do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, Boff comentou que o ser humano é um nó de relações em todas as direções. “E ele só vive na medida em que ativa essas relações, pois a comunicação é fundamental. Somos dos poucos seres da criação com os rostos voltados uns para os outros, porque somos seres de relações”, acrescentou.
Para ele, a internet é a expressão de um fenômeno anterior, que é a globalização – que não deve ser observada apenas de modo econômico e geográfico, e sim, como uma nova forma de expressão do ser humano na terra. “Por um lado, é um avanço da humanidade. Por outro, é um fenômeno novo, pois ainda não sabemos como incorporá-lo”, constatou o teólogo.
Em sua fala, Boff também salientou que o ser humano possui anjos e demônios. “Somos, ao mesmo tempo, sapientes e dementes. Todos nós podemos ser criminosos se não cuidarmos de nós mesmos”, alertou. Relacionando com a internet, o teólogo acrescentou que ela pode, ao mesmo tempo, ser uma ferramenta de caráter colaborativo e solidário, mas também pode servir à dimensão sombria e criminosa dos seres humanos. “é uma arma, mas ao mesmo tempo, pode ser um instrumento de grandeza do mundo, de generosidade, de amor. Temos que incorporar a internet com as demais formas de comunicação”, propôs.
Segundo o teólogo, aqueles que estão viciados no mundo virtual estão completamente solitários e, ao mesmo tempo, em contato com toda a humanidade. “Temos que unir o real e o virtual. O ser humano precisa entender que ele deve ter uma ética humanitária dele, que envolve a transparência, a veracidade e a responsabilidade por cada palavra dita, pois a palavra pode ser altamente destrutiva”, argumentou Boff.
A palestra também abordou a questão da diferença no mundo atual. “Temos que acolher o outro na sua diferença, e não deixar que ela crie uma dissidência. é essa capacidade de estar aberto, e de reconhecer a diferença como um direito. A diferença é que mostra a riqueza que o ser humano pode ser, e hoje temos a chance de apreciar isso”, enalteceu Boff.
Espiritualidade também foi um dos temas abordados pelo teólogo. De acordo com ele, a espiritualidade é nossa dimensão do profundo, onde se colocam as grandes questões que nos acompanham desde sempre. “Temos um órgão interior para identificar a presença de Deus. E quando ativamos essa área, nos tornamos mais sensíveis, mais solidários, mais humanos”, explanou Boff.
O teólogo afirmou que hoje, mais do que nunca, devemos cuidar da vida e do planeta Terra, pois sofremos uma forte ameaça. “Exploramos o planeta de tal maneira que a Terra perdeu seu equilíbrio. Um dos desafios é estudar nossa preocupação com o outro para a nossa casa comum, que é o planeta Terra”, complementou Boff. Ele acrescentou, ainda, que temos que aceitar a internet como um passo que a humanidade deu. “é um ponto de encontro que a humanidade nunca teve antes”, completou.
Após a palestra, foi aberto um espaço para perguntas do público presente. As obras do teólogo também estiveram disponíveis para compra no local, onde Boff recebeu o público em dois momentos de autógrafos.
A palestra integrou a PROGRAMAÇÃO de inauguração do Centro Cultural Univates, que receberá a peça “Hermanoteu na Terra de Godah”, no dia 27 de maio; o espetáculo de Ballet Giselle, no dia 11 de junho; a apresentação do Teatro Mágico em 27 de junho; e a performance do grupo Tholl para as músicas do disco “Par ou ímpar” Kleiton e Kledir, no dia 19 de julho, entre outros eventos.
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