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Não é só no carnaval, dentro das escolas de samba ou em determinados bairros que o samba se faz presente. Ele pede passagem. Hoje é marca registrada do Brasil e ao ouvi-lo é comum ver as pessoas batendo palmas ou os pés, se deixando contagiar pelo ritmo quente e envolvente.

Com as raízes no Rio de Janeiro, o gênero deriva de danças africanas trazidas ao país. A palavra samba remete, propriamente, à diversão e à festa. Porém, com o tempo, ela passou a significar a batalha entre especialistas no gênero, entre quem improvisava melhor os versos na roda de samba. Em Venâncio, os registros dão conta de que o samba era uma alternativa de lazer para os negros, que não possuíam um poder aquisitivo para frequentar eventos sociais na cidade e assim passaram a realizar os tradicionais ‘samba de fundo de quintal’, em meados de 1930. 

Como é intitulada a música interpretada por Alcione ‘Não deixa o samba morrer’, muitas pessoas cresceram em meio à cultura afro brasileira e a cultivam até hoje. O vigilante e professor de violão, Noredi Rodrigues, hoje com 37 anos, cresceu em meio a uma família de músicos. Aos 10 anos integrava um grupo de meninos de um projeto social, coordenado pelo professor Jair Pereira. Tão logo, aos 12 anos aprendeu a tocar cavaquinho e desde então não parou mais. Foi com

Foto: Divulgação / Folha do MateNoredi Rodrigues passou por diversos grupos de samba e escolas de samba
Noredi Rodrigues passou por diversos grupos de samba e escolas de samba

essa idade que fez sua primeira apresentação como músico de samba, já fora do município. Passou a tocar com sambistas conhecidos da cidade, como Lico, Tim e Tio Véio, do bairro Macedo; e aos 13 anos passou a integrar o grupo Paulinho Samba Show. Com isso, vieram as participações nas escolas de samba da cidade, Amigos do Cemuc, Acadêmicos do Samba Négo, Malandros do Ritmo e Unidos das Vilas. Também já integrou os grupos de samba Swing Brasileiro, Grupo Sambaí e Nosso Jeito de Ser. 

Rodrigues conta que uma das experiências inesquecíveis com o samba viveu em 2004, quando em missão de paz no Haiti participou de uma confraternização com os haitianos. Além do futebol, os brasileiros comandaram uma roda de samba. “E o primeiro acorde do cavaco, na canção ‘Não chore mais’, de Bob Marley, adaptada para o samba, colocou todos os haitianos para dançar. Ali senti a força do nosso samba”, relembra. 

Com letras que falam do cotidiano, dos trabalhadores e das dificuldades da vida de uma forma bem humorada, o ritmo também é caracterizado pelas sensualidade das mulatas e o requebrado dos passistas, e seus espetáculos ao dançarem o ritmo.

Foto: Divulgação / Folha do MateBira Pereira foi passista por cerca de 12 anos e cultiva o amor pelo samba
Bira Pereira foi passista por cerca de 12 anos e desde criança cultiva o amor pelo samba

 

O microempresário, Ubirajara Pereira, o Bira, foi passista em Caxias do Sul e Venâncio Aires por cerca de 12 anos. Sua história com o samba começou quando tinha cerca de oito anos, quando passou a frequentar as escolas de samba. Entre os vários desfiles, lembra com carinho da primeira vez que pisou na ‘Avenida’ como passista. “No meu primeiro ano, sem ensaio com minha parceira, conseguimos ser o único casal nota 10 daquele Carnaval. Nos dois anos seguintes também conseguimos alcançar a nota máxima, mas realmente o primeiro desfile marcou muito.” Atualmente, Bira faz parte da diretoria da Acadêmicos do Samba Négo. Ele confessa que não sabe tocar, mas está sempre no ‘meio’. “A minha ligação com o samba é muito forte, não tem explicação. Ele é o nosso embalo.”

PreconceitoCom a permanência da discriminação racial na sociedade brasileira, não há como o samba, referência de uma cultura de matriz africana, escapar desse preconceito. é comum ouvir que o gênero ganhou sofisticação a partir de compositores brancos, letrados e de classe média, como Ary Barroso e Noel Rosa. Em Venâncio, o sambista Noredi Rodrigues, destaca que o samba tem uma boa aceitação, prova disso, são os milhares de espectadores no Carnaval. Mas ele atenta para a uma situação de prudência de alguns estabelecimentos na cidade. “Não com o samba em si, mas com tipo de apreciadores. Ou seja, se a banda tiver maioria de seus apreciadores negros e pobres, ela não é contratada, por mais boa que seja. Isso é lamentável e sei que frusta muitos de nossos sambistas”, comenta ele.

A data

Não há precisão quanto ao motivo e a data da criação do Dia Nacional do Samba. Em alguns registros consta como 2 dezembro de 1962, quando teria sido realizado o primeiro Congresso Nacional do Samba. Já outros registros dão conta de que a data foi criada por um vereador baiano para homenagear o compositor mineiro Ary Barroso, que teria visitado a Bahia justamente em 2 de dezembro de 1940.

“Samba, Agoniza mas não morre, Alguém sempre te socorre, Antes do suspiro derradeiro…”

Trecho de ‘Agoniza mas não morre’, música de Nelson Sargento

Tipos de samba*:

Samba-enredo – O tema está ligado ao assunto que a escola de samba escolhe para o ano do desfile. Geralmente segue temas sociais ou culturais. Ele que define toda a coreografia e cenografia utilizada no desfile da escola de samba.

Samba de partido alto – existe desde a década de 1930. Com letras improvisadas, falam sobre a realidade dos morros e das regiões mais carentes. é o estilo dos grandes mestres do samba. Os compositores de partido alto mais conhecidos são: Moreira da Silva, Martinho da Vila e Zeca Pagodinho.

Pagode – Nasceu na cidade do Rio de Janeiro, na década de 1970, e ganhou as rádios e pistas de dança na década seguinte. Tem um ritmo repetitivo e utiliza instrumentos de percussão e sons eletrônicos. Espalhou-se rapidamente pelo Brasil, graças às letras simples e românticas. Os principais grupos são: Fundo de Quintal, Pixote, Só Pra Contrariar, Raça Negra, Turma do Pagode.

Samba-canção – Surge na década de 1920, com ritmos lentos e letras sentimentais e românticas. Exemplo: Lupicínio Rodrigues.

Samba carnavalesco – Marchinhas e sambas feitos para dançar e cantar nos bailes de Carnaval. Exemplos: Abre alas, Aurora, Cabeleira do Zezé, Chiquita Bacana, Cidade Maravilhosa.

Samba-exaltação – Enaltece o Brasil, que fala sobre suas belezas, seu povo, sua cultura, revelando o amor pela pátria, geralmente acompanhado de uma orquestra. Exemplo é ‘Aquarela doBrasil’, de Ary Barroso.

Samba de breque – Este estilo surgiu na década de 1950. Tem momentos de paradas rápidas, onde o cantor pode incluir comentários, muitos deles em tom crítico ou humorístico. Um dos mestres deste estilo é Moreira da Silva.

Samba de gafieira – surgiu nos cabarés e gafieiras, firmando-se nos anos 40. Atualmente, o samba gafieira incorporou alguns passos do tango argentino. Esse tipo de samba é mais dançado no Rio de janeiro e em São Paulo.

Sambalanço – Surgiu na década de 1950 em boates de São Paulo e Rio de Janeiro. Recebeu uma grande influência do jazz. Um dos mais significativos representantes do sambalanço é Jorge Ben Jor, que mistura também elementos de outros estilos.

*Fonte: Blog Descobrindo a cultura brasileira e site Uol