Cerca de 25% dos internos da Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva) deram um passo importante rumo à busca pela sua ressocialização. Ontem, um grupo deles participou da aula inaugural do Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos (Neeja). Presos que nunca estudaram, agora têm a oportunidade de concluir o ensino médio.O número ainda não é exato, mas a diretora da escola acredita que 102 apenados farão parte, neste momento, da escola. Mariela de Borba tem em mãos uma lista de interessados, que participarão das aulas nas séries iniciais, nos anos finais e no ensino médio.Apenados como Hélio Henrique têm a oportunidade de concluir o ensino médio. Aos 25 anos, o morador de Encantado vê na escola uma oportunidade de buscar uma vida melhor e a sua ressocialização. “Pouca gente dá uma oportunidade para um ex-preso. Há muita rejeição”, explica o jovem, que parou de estudar no segundo ano do segundo grau.Ao lado de outros quatro colegas de cela, Henrique participou da aula inaugural. Eles serão divididos em grupos e terão aulas de segunda à sexta, sempre pelo período de duas horas.Durante a solenidade de ontem à tarde, a diretora Mariela elogiou os apenados que se credenciaram a participar das aulas e disse que o caminho para a escola na Peva foi construído com muitas mãos. “A educação transforma as pessoas e espero que vocês saiam daqui diferentes de quando entraram.”Os apenados receberão o material antes de cada aula, que será recolhido pela professora, ao final das duas horas. Trata-se de caderno, lápis e borracha. Para incrementar o acervo da biblioteca da Peva, o titular da Secretaria de Educação, émerson Elói Henrique, em nome da Prefeitura, doou 493 livros à casa prisional.O responsável pela 6ª Coordenadoria Regional de Educação falou da importância do aprendizado para todas as pessoas. “é um sonho se concretizando, aproveitem”, mencionou Luís Ricardo Pinho de Moura.A coordenadora da divisão de educação prisional elogiou a coragem de cada um dos apenados, por decidirem sair das celas para voltar a estudar. “Esse é um período que cada um de vocês têm para encontrar formas de superar isso, e a educação é uma delas”, enfatizou Lutiana Ricaldi da Rosa.Também se pronunciaram o diretor da Peva, Artêmio Rossi, e o delegado regional penitenciário, Eugênio Eliseu Ferreira. Ambos elogiaram a iniciativa de cada um e pediram que os apenados aproveitem a oportunidade que lhes é dada e os conhecimentos que serão repassados pelos educadores. “Essa é uma oportunidade que talvez muitos de vocês nunca tiveram”, referiu Ferreira.Toda a equipe de educadores participou da aula inaugural e, depois, conversou com os alunos.