Na segunda-feira, 18, moradores e lideranças comunitárias, voltaram a se manifestar na sessão ordinária da Câmara de Vereadores, contra a construção do presídio fechado, em Estância Nova. Desta vez, uma mobilização silenciosa marcou a presença de quem com faixas e cartazes pediu ‘não ao presídio fechado’.

O debate ficou para o período de comunicações, quando governistas e oposicionistas voltaram a defender seus pontos de vista. Parlamentares de governo entendem que a melhor proposta é um presídio fechado, para não correr o risco do atual formato – o semiaberto – permanecer. Do outro lado, as bancadas de oposição manifestaram apoio para que o movimento da comunidade continue e uma alternativa seja encontrada.

A maioria dos vereadores de oposição aproveitou o espaço na tribuna para destacar a iniciativa da Câmara da Indústria, Comércio e Serviço, de apresentar uma proposta para o presídio. Repudiaram a atitude do prefeito Airton Artus, que durante a reunião do Grupo de Gestão Integrada Municipal não teria dado ‘ouvidos’ a proposta do empresariado.

OPOSIçãO

Eduardo Kappel (PP), foi o primeiro a falar sobre o assunto na tribuna. Disse que o presídio intramuros não tem serventia para nada, ao justificar que os legisladores entenderam que tem progressão de regime no Brasil. “O que adianta intramuros, se nossos legisladores dão a chave do portão para os bandidos”, criticou. Kappel ainda anunciou que vai protocolar uma moção em repúdio ao prefeito, pelo tratamento dado ao presidente da Caciva.

José Ademar Melchior (PMDB), que participou da reunião do GGI na semana passada, também criticou Artus pela postura diante do presidente da entidade. “Ele trouxe proposta nova. Grandes empresas poderiam se instalar em Venâncio naquela área”, frisou. Falou ainda que a maioria das autoridades presentes na reunião se posicionaram a favor de um presídio regional e não estadual. Completou seu pronunciamento dizendo que desconhece a informação dita pelo vice-prefeito, Giovane Wickert, de que viriam mais 600 presos para Venâncio se continuar o modelo semiaberto.

Celso Kramer (PTB), lamentou a forma como a comunidade vem sendo tratada pela Administração e disse que o prefeito não vem ouvindo o que a população tem a dizer. Disse que solicitou junto ao deputado estadual Marcelo Moraes, também do PTB, uma audiência pública sobre o assunto. “Os políticos, prefeitos, vereadores vão passar, mas a população vai ficar”, salientou.

Helena da Rosa (PMDB), parabenizou a iniciativa da comunidade em reivindicar a paz e anunciou apoio ao grupo. Lembrou ainda que os vereadores governistas votaram contra o pedido de realização de audiência pública para tratar do assunto, mas destacou que apesar desse pedido ter sido negado, uma audiência proposta pela Assembleia será realizada.

GOVERNO

Da bancada governista, Vilson Gauer (PT), defendeu que esse assunto seja levado para análise de técnicos de segurança e definiu a situação como delicada e crítica. “O que é melhor para Venâncio, para Estância Nova?”. Acrescentou que muitas vezes opiniões podem vir carregadas de ideologias, mas que decisões técnicas devem ser tomadas. “Temos que buscar avaliação técnica. Qual é a política de segurança do Estado? Não se trata apenas de estar contra ou a favor”, observou.

Líder de governo na Câmara, Ana Claudia do Amaral Teixeira (PDT), disse que a Administração não está trazendo presídio fechado por que quer. “O desejo é que não se mantenha o presídio semiaberto como está. Pois como está não pode ficar”, acentuou. Completou dizendo que o objetivo é negociar com o Estado a possibilidade de fechar o semiaberto como está. “Nos modelos como está não interessa ao Município e à nossa comunidade”. Por fim, garantiu que o prefeito não vai deixar a comunidade nas mãos.

O pronunciamento da líder de governo, que foi interrompido para solicitações de apartes de vereadores de oposição, acabou encerrando sem a participação deles. Com o término do tempo dedicado a Ana Cláudia, o presidente da Casa encerrou a sessão legislativa.