Hoje o dia é de relembrar um tempo em que muita coisa era mais fácil; pensar no quanto era maravilhoso não ter grandes preocupações. é hoje, no Dia da Infância, que voltamos a uma época em que o único medo era da bruxa malvada e do bicho papão. Na data de hoje, também vale pensarmos no quanto as crianças precisam se preparar para viverem em um mundo que não é tão belo como imaginavam. Ainda vale levarmos em conta a necessidade que existe dos pais contribuírem para que os pequenos de fato construam valores em uma sociedade.
Como forma de auxiliar os pequenos e colaborar para a construção de um mundo e uma infância muito melhor, a Capital Nacional do Chimarrão trabalha com o programa Primeira Infância Melhor. O projeto, que é gratuito, foi criado pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul e aderido pelo Município em 2010. Hoje, a iniciativa conta, em Venâncio, com cinco pessoas que realizam visitas domiciliares todos os dias. São atendidas 85 famílias que têm alguma gestante ou criança com até seis anos. Cada família recebe a visita uma vez por semana.De acordo com a coordenadora do programa em Venâncio, Andréia Oliveira, a equipe tem o apoio das secretarias de Educação, Saúde e Desenvolvimento Social. As visitas são realizadas nas famílias que residem em sete bairros de Venâncio: Gressler, Cidade Nova, Xangrilá, Vila Tata, Loteamento Popular Tirelli, Aviação e bairro Macedo.
Andréia explica que o programa trabalha com atividades lúdicas e pedagógicas voltadas à promoção das habilidades e capacidades das crianças. São trabalhadas nos pequenos a comunicação, linguagem, capacidades motora, socioafetiva e cognitiva. Segundo a coordenadora, o resultado do trabalho é percebido todos os dias, quando se nota uma evolução muito grande no desenvolvimento dos pequenos em cada visita realizada.
Preparação para a vidaDe acordo com a psicóloga Joana Puglia, educar bem os filhos é também prepará-los para o mundo, onde não será possível receber sempre um sim.
Para a profissional, as pessoas têm o costume de protegerem demais os filhos e evitar as frustrações deles. Contudo, em meio a isso, os pequenos tornam-se muito frágeis. “Nós acabamos criando pessoas com uma grande intolerância ao ‘não’ e à frustração. Ou seja, pessoas fragilizadas que se desmontam no primeiro não que ouvem”, comenta.
Segundo ela, é na escola que a criança também evolui muito, pois, em casa, é sempre a primeira a ser atendida em diversos momentos. “Toda a prioridade vem primeiro ao pequenininho, mesmo que se tenha irmãos”, acrescenta. No entanto, quando frequenta a escolinha, por exemplo, necessita entender que a prioridade não é apenas ela. Deste modo, existem crianças que se assustam, porque precisam esperar a vez para falar, sair e entender que não serão sempre as primeiras da fila todos os dias.
Joana acredita que uma boa maneira de fazer a criança crescer e aprender a lidar com as dificuldades da vida é estabelecer regras. Também acrescenta que considera importante reconhecer as vitórias e os avanços dos pequenos e parabenizá-los quando eles agem de forma correta. “Afinal de contas, ética se ensina e se aprende dentro de casa. A escola transmite conhecimento”, complementa.
Quando chega a horaTodos sabem que o mundo tem sua injustiças. Nele existem pessoas boas, outras nem tão boas assim. Na vida surgem as dificuldades e nem tudo é perfeito, mas como falar isso para as crianças? Segundo Joana, os pais ou responsáveis devem dialogar com os filhos e até falar sobre a realidade. No entanto, não podem fazer com que as maldades da vida amedrontem os pequenos e os deixem sempre com medo.
Diferente de anos atrás em que a criança tinha mais medo do bicho papão e da bruxa malvada, seres imaginários e fantasiosas, agora existe um receio maior em relação aos sequestradores, à bala perdida, pedófilos, entre outros. “A criança tem, agora, medos reais e ela tem uma história verdadeira para contar”, observa.
Para Joana, é importante que os pequenos tenham um conhecimento de mundo e saibam o que é certo e não é, o que é bom e o que é ruim. Isso porque os pais ou responsáveis precisam explicar que se torna necessário seguir regras para que se esteja seguro neste mundo. “Os pais precisam orientar as crianças. Uma criança orientada tem menos chance de ser vítima de um pedófilo, por exemplo”, opina.
Construção de valores
Preparar os filhos para o mundo é também trabalhar a autoconfiança. Este valor, segundo a psicóloga Joana Puglia, é construído por meio de elogios, porque é isso que faz ela reconhecer que é capaz. “Precisamos reconhecer na criança o potencial dela, dizendo um ‘muito bem, você conseguiu’, ‘que legal’”, complementa. Além disso, a profissional explica que o diálogo também é uma forma de tornar a criança mais humana e compreensível.
Deste modo, Joana acredita que é essencial exaltar o que foi feito certo e não os erros cometidos pela criança. A psicóloga também acha essencial a construção da empatia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro. “Se pudermos trabalhar isso cedinho, a criança vai ter uma compreensão melhor de tudo no geral”, explica.