Um motor fabricado em 1901, que ajudou a imprimir o jornal O Taquaryense, de Taquari, voltou a funcionar nesta semana. O equipamento é histórico. Trata-se do primeiro motor a querosene fabricado no Brasil. Produzido pela firma Só & Filhos, de Porto Alegre, é motivo de orgulho para o editor Pedro Harry Dias Flores, trineto do fundador Albertino Saraiva e neto da atual diretora, Flávia Therezinha Saraiva Dias.
Batizado Crioulo pelo fabricante, o motor possui dois cavalos de potência e ignição por tubo quente. Foi projetado por Joaquim Alcaraz, avô do jornalista Flávio Alcaraz Gomes (falecido em 2011). Em 1901, o equipamento foi uma das grandes atrações da Exposição Agropecuária e Industrial do Rio Grande do Sul, nos Campos da Redenção (atual Parque Farroupilha), em Porto Alegre. Recebeu medalha de ouro por sua eficiência e economia de combustível.
Em 1910, o motor foi transportado por barco a vapor até Taquari, após operar nos jornais Gazeta do Comércio e Correio do Povo. Nas oficinas d’O Taquaryense, passou a mover a impressora tipográfica francesa Marinoni Universelle até 1956, quando foi substituído por um motor elétrico. Desde então, estava em exposição no Museu Casa Costa e Silva (atualmente fechado para reforma).
A restauração ficou a cargo de Felipe Bender, estudante de engenharia mecânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com apoio do arquiteto e urbanista João Vitor Souza, entusiasta do projeto. Agora, restaurado e em pleno funcionamento, o Crioulo volta a operar especialmente para a impressão da edição comemorativa dos 138 anos de O Taquaryense, que circula neste sábado, 2 de agosto.
Fundado em 31 de julho de 1887, O Taquaryense é o segundo jornal mais antigo em circulação no Rio Grande do Sul — atrás apenas da Gazeta do Alegrete, de 1882. É também o único jornal em atividade no Brasil (e um dos três no mundo) que ainda utiliza o sistema tipográfico tradicional, com composição manual, tipo por tipo — letra, número ou símbolo. (Divulgação/O Taquaryense)