Os prefeitos da Amvarp, estão mobilizados diante da proposta orçamentária do Governo Federal, encaminhada ao Congresso, que zera os repasses para o Programa Farmácia Popular em 2016 e que também compromete os repasses destinados a manutenção de serviços essenciais. A preocupação em torno do tema foi debatido durante a assembleia da Amvarp, que ocorreu na manhã de sexta-feira, 23, em Santa Cruz do Sul.O corte no orçamento pode afetar também os repasses para serviços de alta complexidade como é o caso dos serviços de hemodiálise e também os recursos encaminhados para manutenção das UPAS. Diante dessa situação, a prefeita de Mato Leitão, Carmen Goerck, sugeriu que seja encaminhada uma moção solicitando que o sistema seja mantido. Para fortalecer a intenção, o presidente da Amvarp e prefeito de Venâncio Aires, Airton Artus, indicou que a entidade formalize um documento, a partir de levantamentos sobre o serviço em cada município, solicitando a intervenção dos deputados, da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e da Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) junto à União.

Foto: Jansle Appel Junior / CUCA ConteúdoPrefeitos temem que serviços possam ser comprometidos com corte de gastos propostos.
Prefeitos temem que serviços possam ser comprometidos com corte de gastos propostos.

Segundo Artus, outro impacto aos municípios é o orçamento impositivo que apenas oferece recursos para a construção de novas unidades básicas de saúde, mas não direciona repasses para manutenção destes serviços. “Nossa intenção é levar essa reivindicação para a Famurs e CNM como forma de pressão para que ao menos sejam mantidas as poucas conquistas que obtivemos nos últimos tempos”, esclarece Artus.

“Queremos que ao menos sejam mantidas as poucas conquistas que obtivemos nos últimos tempos”Airton ArtusPrefeito de Venâncio Aires e presidente da Amvarp

Farmácia popularCriado em 2006, o programa permite a compra em farmácias credenciadas pelo governo de medicamentos para rinite, colesterol, mal de Parkinson, glaucoma, osteoporose, anticoncepcionais e fraldas geriátricas. Os descontos chegam a 90%. Com a redução a zero dos recursos, na prática essa política deixa de existir.Pela proposta encaminhada ao Congresso, ficam mantidos o braço do programa chamado de Saúde Não Tem Preço (em que o paciente não precisa pagar na farmácia remédios para diabetes, hipertensão e asma) e as unidades próprias do Farmácia Popular – na região, existia apenas em Venâncio Aires. O receio dos prefeitos é de que, com a extinção, a disponibilização dos medicamentos tenha que ser assumida pelos municípios. “O programa hoje representa 20% do faturamento das farmácias privadas. E isso tudo vai cair nas prefeituras, que não terão estrutura para atender”, alerta a prefeita de Mato Leitão, Carmen.

Repasses estaduaisVenâncio Aires possui R$ 2 milhões em recursos estaduais atrasados para área da saúde. De acordo com o prefeito, o Estado apresentou um cronograma e pretende realizar o pagamento em 36 vezes a parti de 2016. A regularização dos repasses deve ser feita através de um cronograma de pagamento. Artus estima que o débito em saúde com os municípios que compõem a Amvarp seja da ordem de R$15 a R$ 20 milhões.