Sentada em frente a um banco do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), a mãe das duas jovens que se dizem vítimas de abusos sexuais praticadas pelo mesmo homem busca forças para viver mais um dia. Atualmente, recebeu dispensa da empresa onde trabalha, em Lajeado, para acompanhar o tratamento da filha mais nova. Dependente química, a adolescente de 16 anos está internada no HSSM para se livrar do vício.
Aos 50 anos, a auxiliar de serviços gerais entrou em contato com a Folha do Mate para desabafar. Queria contestar as informações repassadas pelo seu ex-marido e pai da sua filha mais nova e dar a sua versão dos fatos. “é preciso falar a verdade e eu tenho provas de que ele é culpado”, observa.Conforme disse, o ex-marido ligou pedindo para que a queixa fosse retirada. “Também pediu perdão pelo que tinha feito. Isso tá gravado”, garante.
No relato publicado na edição de ontem da Folha do Mate, o pedreiro de 42 anos – que se apresentou na Delegacia de Polícia, prestou depoimento e foi encaminhado ao Presídio Regional de Santa Cruz do Sul com prisão preventiva -, nega todas as acusações. Segundo refere, está sendo vítima de uma armação arquitetada pela ex-mulher, a sua filha e a enteada. “Elas inventaram isso porque parei de lhes dar dinheiro”, argumentou o pedreiro.
As declarações indignaram a mãe das garotas. Ontem, em entrevista concedida à Folha do Mate, garantiu que 99% do que o ex-marido disse é mentira. “Não sei por que não assumir o erro, pagar por ele e tentar uma vida melhor”, disse.A auxiliar de serviços gerais passa os dias no HSSM. Se reveza com outro familiar para não deixar a filha de 16 anos sozinha.
A garota está em tratamento de desintoxicação por causa do uso contínuo de substâncias entorpecentes. “Fiquei sabendo há pouco tempo. A gente nunca acredita que isso possa estar acontecendo com nossos filhos. Só acreditei depois que ela empenhou seu celular por causa da droga. Mas agora ela está bem e consciente dos males que as drogas causam”, revelou a mulher.
Preocupada com o futuro da filha, ela conta que nunca desconfiou que a filha mais nova era vítima de abusos sexuais. Muito menos praticados pelo próprio pai, como é a acusação. No entanto, informa que sabia que a outra filha, que hoje tem 24 anos, havia sido molestada anos atrás. “Quando ela completou 18 anos e resolveu se batizar em uma igreja evangélica, revelou ao pastor e para mim o que havia acontecido”, conta.
Nesta época, explica a mãe, ela já estava separada e a filha não permitia mais os abusos. “Por isso decidimos deixar como estava”, declarou. Hoje a filha de 24 anos mora em uma casa no mesmo terreno que ela, tem um companheiro e um filho.