Foto: Edemar Etges / Folha do MateNos finais de semana e feriados, Andréia desempenha as atividades na propriedade
Nos finais de semana e feriados, Andréia desempenha as atividades na propriedade

Mesmo que tenha conquistado seu espaço, tenha a importância de seu trabalho reconhecida, nos dias atuais, a mulher sofre com o preconceito, principalmente no interior, onde ainda há a concepção de que ela deve ser submissa ao homem. Se sabe que ao longo da história, ela sempre acompanhou o marido nas lidas da roça, desenvolvendo o trabalho braçal, além de cuidar dos afazeres da casa e dos filhos. Hoje, a grande maioria delas conquistou seu espaço na propriedade rural e realiza os serviços mecanizados de igual maneira ao homem, como operar máquinas (tratores) e implementos agrícolas na lavoura.

“Realizamos todo o trabalho que é necessário. Se é preciso levar qualquer insumo para a lavoura, a gente pega o trator e vai.. O marido auxilia a engatar os equipamentos no trator e eu vou executar os serviços como aragem, discagem, levo os insumos para a lavoura e o tabaco para o galpão”, afirma a agricultora familiar e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Passo do Sobrado Andréia Gabe dos Santos. Ela tem uma propriedade de 6,5 hectares localizada em Passo da Mangueira, interior de Passo do Sobrado, onde a principal produção e fonte de renda é o tabaco. Produz também o milho na resteva do tabaco (safrinha) e os alimentos para a subsistência, bem como, cria os animais que são consumidos pela família. “Como eu trabalho fora, quando chego em casa, não tem o que escolher. Se é preciso trabalhar com o trator ou mesmo desenvolver algum outro serviço braçal, a gente encara e faz o que é preciso.”

Em época de safra, Andréia observa que não tem fim de semana, feriado, e ainda trabalha após o expediente do sindicato, principalmente no verão, quando os dias são mais prolongados por causa do horário. “Quando eu chego na lavoura, me desestresso e procuro não misturar os problemas e serviços de casa com os do sindicato. Da porta para dentro, eu me preocupo com as lidas do sindicato e, da porta para fora, com a propriedade. Não misturo os problemas. O que se mistura são os sentimentos pois o produtor chega no sindicato preocupado com a safra em função do clima, dos preços pagos pelos produtos, entre outros problemas”, resume. O marido trabalha como empregado numa empresa de Passo do Sobrado e assim como ela, se dedica à lavoura somente nos finais de semana, nos feriados e no fim do expediente.