Mentira tem pernas curtas. Essa é uma daquelas famosas frases ditas às crianças e ouvidas ainda hoje. Embora mentir seja contra os padrões morais de muitos, no dia 1º de abril, o Dia da Mentira, pessoas de todo o mundo brincam umas com as outras, pregando peças e arrancando gargalhadas. A explicação é histórica e a versão mais conhecida para a data refere-se ao século XVI, na França.

O motivo para a comemoração da data é simples: na França, a chegada do Ano Novo era comemorada durante uma semana, do dia 25 de março ao dia 1º de abril. Em 1564, o rei Carlos 9º decidiu que o Ano Novo seria celebrado no dia 1º de janeiro, devido à adoção do calendário gregoriano. Muitas pessoas demoraram para se acostumar com o calendário, e outras resistiram à troca da data. Essas pessoas tornaram-se alvo das mais variadas formas de ridicularização. Eram chamadas de ‘bobos de abril’, recebiam convites para festas que não existiam e ganhavam cartões e presentes esquisitos no dia 1º de abril.

Em razão da data, a reportagem da Folha do Mate foi às ruas ouvir algumas das histórias vivenciadas pelas pessoas neste dia.

Quem conta um pouco sobre as brincadeiras feitas é Leni Schuh, 57 anos. Ela, que prega peças no dia da mentira há cinco anos, se diverte e dá risadas com a família e amigos, pois sempre procura fazer alguma brincadeira. O costume começou, quando as pessoas passaram a fazer pegadinhas com ela, o que a motivou a brincar também. “Eu adoro essas brincadeiras, tem gente que não gosta e acha errado, mas eu acho bonito e engraçado, porque afinal, é apenas uma brincadeirinha saudável”, comenta.

‘PEGADINHAS’

Na data, entre os acontecimentos já vivenciados por Leni, o marido Darci também já aprontou. Ela conta que Darci havia lhe chamado para ver o varal de roupa que estava caído no lado de fora da casa, o qual ela deveria juntar para que as roupas não sujassem. Chegando no local, não havia nada, foi apenas uma ‘pegadinha’. Empolgada, Leni conta mais uma brincadeira que fizeram com ela: “A gente plantava fumo e então meu esposo falou para mim olhar a cobra morta que tinha no galpão, mas não tinha cobra nenhuma, e sim uma corda esparramada no chão.” Embora tenha passado por várias brincadeiras, Leni conta que já brincou e também se diverte muito no dia da mentira: “Nós tínhamos gado e eu disse para o meu marido: Bah, está faltando um animal, acho que alguém roubou, vai lá ver. Ele chegou no lugar furioso e eu logo disse ‘te peguei, hoje é primeiro de abril.”

Ela comenta que já tem em mente algumas brincadeiras que fará hoje. Os alvos são principalmente o filho e o marido. “Eu pretendo brincar com o meu filho e com o meu genro. Eles têm um cavalo e uma égua. Vou ligar para o meu filho que está em Uruguaiana e dizer que a égua deu cria e fazer o mesmo com o meu genro. Aí eles vão ficar curiosos e vou dizer: mentira, hoje é primeiro de abril.” conta sorrindo.

A data, embora comum para muitos, para Leni é comemorada de forma diferente. São as ‘mentirinhas saudáveis’ que dão origem a sorrisos e gargalhadas. Na casa dela, o dia é sagrado e garante: “Lá em casa eu brinco com toda a família e no dia primeiro de abril, uma coisa ou outra eu sempre invento.”