é difícil não sair de casa sem ouvir alguém fazer algum comentário a respeito da previsão do tempo, sobre o dia que está para o sol ou chuva. A meteorologia está em muitas rodas de conversa e, junto com ela, surgem, em alguns momentos, uma série de crenças populares. Dor ali e dor aqui, para alguns, significa chuva lá. Embora as crenças tenham surgido há muito tempo, tomam conta do dia a dia de muitas pessoas ainda nos dias de hoje.
Quem já escutou muitas histórias sobre a previsão do tempo é a safrista Marisa dos Passos, 33 anos. “Tem quem diz que quando a cesárea começa a arder, é porque vem chuva. Meu cunhado disse que quando doía a platina que ele tinha na perna, também era sinal de chuva. Depois disso sempre chovia mesmo.”
Na opinião dela, algumas crenças de fato são verdadeiras: “Eu acredito em algumas coisas, porque realmente funciona, mas outras histórias eu acredito desacreditando.” Os próprios olhos de Marisa mudam de cor de acordo com o tempo. Fazer documentos, segundo ela, não é tão simples. Quando perguntam qual a cor dos olhos, a resposta vem logo em seguida: “Isso depende, porque quando chove os meus olhos ficam verdes e em dias de sol eles ficam azuis.” Marisa conta que começou a notar que a cor dos olhos mudava em função do tempo quando ainda era pequena. “Muitas pessoas diziam para mim que uma hora eles estavam azuis, outra hora verdes, então comecei a cuidar e realmente o tempo interferia”, comenta.
Além disso, segundo ela, há quem acredita que em dias de temporal, tirar a blusa de uma criança com menos de 7 anos, virá-la ao avesso e jogar em cima do telhado, é uma forma de diminuir o temporal. Outra estratégia usada para ‘aliviar’ as tormentas, é fazer alguma reza e cravar um machado no chão ou, até mesmo, virar uma peneira. “As pessoas mais velhas costumam dizer isso. Se algumas coisas funcionam ou não, isso não sei. Mas tem gente que diz dar certo”, explica.
Mitos e verdades
Quando há raios e temporal, as pessoas não perdem tempo e logo pensam em se proteger. Mas em meio a todas as histórias de prevenção a raios, sempre existem aqueles mitos e verdades.
Uma das formas de se cuidar, de acordo com o professor de Agrometeorologia da Universidade de Santa Cruz do Sul, Marcelino Hoppe, é ficar dentro de um carro, poque este é protegido pelos pneus. “Mesmo que o carro for atingido por um raio, o raio fica isolado e a pessoa não é atingida. Além disso, o avião também é uma forma segura de se proteger”, explica.
Elemar indicou o pé de taquara como uma proteção contra raios. Para Hoppe, isso não é seguro, porque uma árvore, por ser mais alta, tem muito mais chance de ser atingida. Segundo o professor, algumas pessoas acreditam que ficar próximo ao espelho atrai raios. Para ele, não passa de um grande mito. O que pode ocorrer é o espelho estar perto de uma tomada e o raio atingir a rede elétrica. A tomada vai causar algum estrago, mas não pelo espelho.
No caso de Marisa, que diz ter olhos com cores diferentes conforme o tempo, também existe uma explicação para isso. Hoppe ressalta que quando chove, o dia fica nublado e com menor radiação solar. O contrário ocorre quando há sol. Em algumas situações, lâmpadas com fotocélulas chegam a acender durante o dia em momentos de tempestade, isso porque ocorre redução da radiação solar. Deste modo, a quantidade de luz incidente na retina pode explicar a troca de cores.
Sobre as dores no corpo, o professor explica que estão relacionadas à pressão atmosférica. “Se a pessoa tiver quebrado algum membro, é possível a pressão atmosférica atuar sobre esse membro”, conta.
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