De jeito simples e coração ‘gigante’, a professora Maria Pereira Soares, recebeu no feriado de quinta-feira, 26, a reportagem da Folha do Mate para conversar sobre sua vida, entre eles, a paixão pela escrita que nem ela mesma sabe de onde surgiu.
Bem arrumada, usava um cachecol, brincos e tinha as unhas pintadas de vermelho. Com apenas 77 anos, a cozinha tinha aroma de café recém-feito. Sobre a mesa, descrito como o local ideal para escrever, dona Maria tinha os rascunhos de suas obras literárias separadas por cadernos. Afinal, é a ‘mão’ e com uma bela caligrafia que ela escreve suas histórias.
Autora de dois livros ‘Mulheres Guerreiras Ocultas’, primeira e segunda edição, a professora aposentada encaminha-se para dois novos trabalhos. Um deles que surgiu de um ‘plin’ como disse, irá contar e reunir depoimentos de pessoas envolvidas com a Escola Monte das Tabocas. “Muitos venâncio-airenses tiveram grande parte da família estudando no Monte”, aponta. A obra, que já começa a tomar forma, já ganhou de Maria o seu depoimento, onde relata a ligação que tem com o educandário.
A outra obra que está sendo trabalhada por Maria é ‘Verdades’ que irá trazer crônicas referentes a vida cotidiana. Dentre os títulos estão ‘Paisagem que Fala’, ‘Roubar tempo do tempo’, ‘Nunca haverá esquecimento’, ‘O ciúme’ e ‘Belezas e Belezas’. Acompanhados de imagens, as crônicas para a nova obra estão ‘quase’ prontas. Sobre a mesa, ela abriu o caderno e leu, carinhosamente, partes por partes: “Uma pérola preciosa cobiçada por toda mulher. O perfume suave das flores . O poder de um sorriso. O dentinho rasgando a gengiva. O sensação do bem-estar. O dever cumprido (…)”, trecho de ‘Belezas e Belezas’.
De um sorriso sincero, Maria revela que não considera-se uma escritora. “Eu ousei em escrever o livro para contar histórias de mulheres guerreiras, porque eu tive uma mãe guerreira”, afirma. Casada com Nilo Pinto Soares (in memoriam), tiveram como fruto dessa união a filha Ana Lúcia e agora a neta Saray.
Além de todo o talento com a escrita, Maria ainda tem um lado solidário. Ao final da entrevista, deixa cair sobre a mesa uma sacola. De dentro, tira alguns pares de meia, todos novos. Sem nem mesmo questionar sobre o fato, afirma: “Ouvi que a Campanha do Agasalho vai passar aqui em frente e já garanti a minha doação. Eu ajudo no meu silêncio.”
Maria, ao longo de sua carreira, foi professora na escola Zilda de Brito Pereira, Monte das Tabocas, Nossa Senhora Aparecida (atual Bom Jesus) e em duas escolas de Porto Alegre onde trabalho de 1966 a 1973.