Número de propriedades rurais produtivas despenca

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Foto: Cristiano Wildner / Folha do MateDepois de quatro gerações, propriedade do casal Dresch ficou ociosa por falta de sucessão
Depois de quatro gerações, propriedade do casal Dresch ficou ociosa por falta de sucessão

Depois de atuar desde a infância na roça, chegou o momento de se aposentar. Essa é a realidade do casal Loeny, 67, e Cléo Dresch, 75, moradores de Vila Terezinha, interior de Venâncio Aires. A propriedade está na família há quatro gerações, mas vive agora um momento crucial. Uma área foi vendida e outra arrendada, contudo a grande maioria dos hectares, bem como os inúmeros galpões, ficou ociosa. O que também desafia o futuro da propriedade é o fato de os três filhos terem optado por outras atividades profissionais.

No auge da produtividade, a propriedade do Vale do Sampaio era destaque na comercialização de milho e soja e também era referência na bacia leiteira local. “Temos hoje apenas alguns animais para subsistência”, conta Dresch. O casal cria ainda gado de corte, suínos e galinhas. Para acalentar a saudade, Loeny dedica algumas horas do dia à horta e às plantações de milho, aipim, amendoim e batata-doce.

Foto: Cristiano Wildner / Folha do Mate Lilian e Neumann trabalham junto com a equipe na revisão dos dados que devem ser apresentados em julho
Lilian e Neumann trabalham junto com a equipe na revisão dos dados que devem ser apresentados em julho

A falta de sucessão rural, contudo, não é uma característica exclusiva do casal Dresch. Ela é um dos motivos que contribuíram para a diminuição de quase 900 estabelecimentos rurais em Venâncio Aires. Embora a pesquisa ainda não esteja concluída, todos os distritos registraram agricultores que deixaram a produção como principal fonte de renda nos últimos 11 anos na Capital Nacional do Chimarrão. Ainda, conforme os dados preliminares do Censo Agropecuário 2017, ocorreu uma redução de 17,7% (de 5.047 para 4.151) na quantidade de unidades agropecuárias em relação ao levantamento anterior, realizado em 2006.

Levantamentos

Agente censitária regional, Lilian Feuerharmel reforça que o Censo passa por ajustes finos, com a apuração dos dados coletados. A coleta oficial encerrou em fevereiro, mas agora podem ser visitadas ainda propriedades que por ventura não foram visitadas ou alguma em que os dados apontarem inconsistências. Por conta disso, no momento a pesquisa passa por revisão e somente depois é que serão divulgados relatórios específicos para cada município. A previsão de divulgação oficial das informações é julho deste ano.

O levantamento promete traçar o atual e real perfil do produtor rural. A pesquisa contará com informações sobre idade, cor, níveis de alfabetização e escolaridade, formas de obtenção e utilização das terras, efetivos da pecuária, produção animal e vegetal e as práticas agrícolas utilizadas no estabelecimento, entre outras.

Foto: Cristiano Wildner / Folha do Mate Sucessão no campo: André Wildner, ao centro, ladeado pelo filho Alison e o pai Érico
Sucessão no campo: André Wildner, ao centro, ladeado pelo filho Alison e o pai Érico

Perfil do produtor de Venâncio

O agente censitário municipal Murilo Neumann informa que neste Censo são catalogadas apenas propriedades que estejam produzindo além da subsistência. A partir disso, o chefe do Escritório Municipal da Emater/Ascar-RS, Vicente Fin, cita que mesmo a pesquisa ainda não tendo dados oficiais, “era certo que o número de propriedades iria diminuir”. Para Fin, envelhecimento, falta de sucessão e instabilidade do setor estão entre as razões para o êxodo. Ele observa, no entanto, que surgiu em Venâncio Aires um fenômeno considerado novo, na matriz produtiva local, que evita a perda da produtividade frente a outros municípios.

O coordenador da Emater informa que a concentração de propriedades passou a ser uma realidade no meio rural da Capital do Chimarrão. “O interior foi fortemente mecanizado nos últimos anos. Quem comprou trator, por exemplo, precisou aumentar a sua área de atuação para garantir o investimento. Por isso a concentração de terras”, explica. Passou a ser comum as áreas, além de compradas, serem também arrendadas, e isso não implica necessariamente em perda de produtividade. Pelo, contrário, Fin observa que Venâncio avançou bastante na produção grãos, como de milho e de soja.

Quem contribui para a crescente produtividade desta área localmente é o produtor André Wildner, 38. A propriedade que está na família há gerações vive hoje seu momento de maior produtividade. Entre áreas compradas e arrendadas nos últimos anos, Wildner atende hoje 47 áreas. Ao todo, planta 250 hectares e a rotação de cultura é feita entre milho, soja e trigo. Possui investidos mais de R$ 1 milhão entre equipamentos e maquinários. Ele reside na mesma propriedade com o seu pai, Érico, 69. Juntos administram áreas em Venâncio Aires, Santa Clara do Sul, Sério, Cruzeiro do Sul e Mato Leitão.

Rio Grande do Sul

Em nível de Estado, foram recenseados 361.078 estabelecimentos agropecuários até o momento. A quantidade é 18,4% menor do que em 2006, quando foram contadas 442.760 propriedades.

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