Pesquisa apresentada pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES) mostra a importância dos programas do governo para os jovens que pretendem ingressar na universidade. O estudo divulgado na última semana aponta que 50,5% não têm condições de pagar as mensalidades e precisam da ajuda de programas de financiamento do governo, 37,3% podem pagar e 12,2% disseram que talvez tenham condições de pagar. Foram ouvidos mil brasileiros com idade entre 18 e 30 anos, com ensino médio completo.
Os entrevistados também foram questionados sobre o interesse em pleitear uma bolsa pelo Programa Universidade para Todos (ProUni) – que concede bolsas parciais e integrais, com base na nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). 57,9% responderam que tentariam ingressar no programa, 38,1% não têm interesse no auxílio e 4% não souberam responder.
Sobre o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), 50,3% dos entrevistados tentariam esta modalidade, 41,4% não tentariam e 8,3% não souberam responder. O Fies é um empréstimo para custear graduação em instituição privada de ensino a uma taxa de juros de 6,5% ao ano. O percentual de custeio varia conforme a renda familiar mensal.
CORTES NA EDUCAçãO
A pesquisa ainda questionou sobre a proposta de redução de investimentos em educação pelo governo federal. 75% dos entrevistados disseram ser contrários ao corte. Sobre a cobrança de mensalidades por universidades públicas, 57,3% também se opuseram à proposta. Além disso, o estudo mostrou que, se pudessem escolher, 71,2% dos entrevistados optariam por uma universidade pública, enquanto 25,1% escolheriam uma instituição particular e 3,7% não responderam.
*Com informações da Agência Brasil
>>> Bolsa do Prouni foi fundamental para que ela ingressasse no ensino superior
Os programas de governo para concessão de bolsas e financiamento do ensino superior têm ajudado jovens venâncio-airenses a conquistar um diploma. é o caso de Janaína Christmann, que reside em Linha Sapé e é graduanda no Curso de Ciências Contábeis da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Ela possui uma bolsa do Prouni, conquistada a partir da nota que obteve no Enem de 2011.
Segundo Janaína, a bolsa do Prouni foi fundamental para que ela ingressasse no ensino superior. “Primeiro, porque meus pais não tinham condições financeiras para me ajudar, e, segundo, por eu ser jovem e estar iniciando, na época, no mercado de trabalho, aos 17 anos. Eu não possuía também uma estrutura para conseguir me manter e ainda cursar o ensino superior. Ou seja, eu tinha o sonho de fazer uma graduação, sonho este que me acompanhou desde a infância, mas não tinha condições financeiras para tal”, destaca.
Janaína diz que o Prouni lhe foi a chance de realizar o seu sonho e, assim, se inserir em um mundo que oferece diversas chances de crescimento. Ela observa que são poucos dos seus colegas e amigos que conseguem pagar a universidade. “Acredito que, do vínculo de amigos e colegas que possuo, apenas 20% possuem condições reais de pagar.” Caso não conseguisse acesso ao ensino superior pelo Prouni, conta que buscaria recorrer ao Fies ou, caso contrário, não conseguiria ingressar na universidade, logo, aos 17 anos.
“Provavelmente eu iria trabalhar, até conseguir uma estabilidade melhor, e depois estudar, pois era um sonho meu, e abandonar, eu não iria, mas com certeza iria adiá-lo em função da inviabilidade econômica. Acredito que quando se tem um sonho e você quer muito, tudo é possível, mas digamos que o Prouni foi um atalho pra mim, sendo que em cinco anos estarei graduada e habilitada para estar em um mercado de trabalho mais qualificado.”
Atualmente, Janaína trabalha na área administrativa de uma empresa do setor metalúrgico, como assistente de custos. Sem o Prouni, acredita que dificilmente teria conseguido se inserir no mercado de trabalho desta forma. “Ao meu ver, muitos jovens têm ideias para melhorar a nossa sociedade, mas acabam desestimulados ou até mesmo barrados pela falta de oportunidade, principalmente na questão da educação, nas cidades do interior, que se encontram mais distantes das universidades federais.”