O símbolo de um recomeço
Era janeiro de 2011 quando Sérgio Frey definiu que precisava de um novo rumo. Afinal, as duas safras anteriores de tabaco haviam resultado em frustração, num prejuízo acumulado de cerca de R$ 30 mil. “Em dois anos, perdi um carro”, compara o agricultor. Foi quando Frey, morador de Linha Cecília e duas vezes escolhido Produtor Modelo de Venâncio Aires, decidiu procurar uma alternativa.
E com orientação da Secretaria Municipal de Agricultura e do escritório local da Emater/RS-Ascar, investir num novo negócio: a criação de galinhas para a instalação de uma agroindústria familiar de entreposto de ovos. Mais do que um novo negócio, era o símbolo de um recomeço para ele e a família.
A opção fazia todo o sentido: na época, havia apenas um produtor do gênero registrado no município. A criação de aves possibilitaria também aproveitar a estrutura já existente na propriedade desde os tempos em que Frey, fumicultor há 32 anos, dedicava-se também a criar suínos. Foi preciso construir apenas um novo galpão, de 55 m², onde os ovos são armazenados.
“Acho que o agricultor sempre deve aproveitar aquilo que já tem em sua propriedade”, pontua. A garantia de mercado também foi fundamental para iniciar a empreitada: a agroindústria já havia garantido a venda de ao menos dois mil ovos “antes mesmo de comprar a primeira galinha”.
O negócio iniciou com 500 matrizes em postura, com 131 dúzias produzidas ao longo de um mês – como mostram os cadernos de registro que a família guarda com cuidado desde o primeiro mês de atividades. Hoje, são 2,5 mil matrizes em postura e produção média de 160 dúzias/dia, com preço médio de venda de R$ 3,00 por dúzia. A venda é feita em estabelecimentos comerciais e pelos programas de distribuição para merenda escolar e entidades assistenciais.
E para Sérgio, há como produzir mais: a família possui atualmente área plantada de 10,5 hectares de milho, que responde por 70% da alimentação das galinhas. A ideia do agricultor é arranjar área para o plantio de ao menos mais 30 hectares, o que segundo seus cálculos, permitiria expansão em ao menos mais mil matrizes.
A recompensa maior para Sérgio, porém, vai além dos números. Trata-se de sua recuperação pessoal, após as frustrações na safra do tabaco e a superação de um problema de saúde, ocorrido há cinco anos, que exigiu tratamento intenso.
Passada a turbulência, ele comemora a possibilidade de ter vencido os desafios e poder trabalhar hoje ao lado da esposa Louvane (com quem é casado há 25 anos) e dos filhos Carlos e Fernanda – que inverteu a lógica do êxodo rural e, depois de morar e trabalhar na cidade, retornou à zona rural para auxiliar os pais. “Meu pátio criou vida novamente. Voltei a acordar feliz e motivado para trabalhar”, diz, satisfeito com os rumos tomados.
Com a agroindústria, os Frey não abandonaram a fumicultura, tendo atingido um plantio de 33 mil pés na atual safra. Mas puderam reduzir a dependência econômica dela. E quis o destino, com o amparo do trabalho árduo, que o carro perdido em duas malfadadas safras fosse recuperado. Pois há alguns meses, a família adquiriu um automóvel próprio, do tipo furgão, usado para realizar as entregas da produção. Com humildade e pés no chão, Sérgio pode comemorar hoje, ao lado da família, a retomada da autoestima. No campo e na própria vida.
Fonte: Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Venâncio Aires