Um bom slogan é como uma boa foto, um bom cartaz, uma frase de efeito numa entrevista. Ele é uma síntese da importância e significado do produto que se pretende vender. Os slogans são feitos para “pegar”, por isso eles forçam uma campanha – política ou de vendas – a se definir numa declaração curta e numa linguagem clara e atraente, destinada a fixar na memória o produto/candidato que se deseja vender/eleger.
Slogans que “pegam” e são lembrados pelos eleitores, possuem ritmo, induzem uma inflexão na forma de pronunciar a frase e usam palavras fortes, plenas de significado, tudo isso com o mínimo de palavras. São estes atributos que lhe conferem a fácil e imediata compreensão, a sua memorização e, sobretudo, a capacidade de despertar sentimentos e emoções
A regra fundamental é então amarrar o slogan no significado da campanha (politica ou de vendas), usando vocábulos expressivos curtos e fortes para compor a frase.
Não há espaço (veículo), nem paciência (indivíduo) para uma análise mais objetiva, para uma discussão mais inteligente e informativa, para uma argumentação mais complexa e profunda sobre a qualidade do produto que o slogan anuncia e promove. Tudo precisa ser dito em “soundbites” (palavras fortes e expressivas) em alguns segundos. Esta é a disposição do veículo e a vontade (hábito) do consumidor.
A mensagem (informativa ou política) precisa então ser encapsulada num formato breve, visual conclusivo e, sempre que possível emocional. A consequência inescapável dessa mudança, o preço a pagar por ela é a superficialidade das razões de compra/apoio e a inevitabilidade da busca pela captura do interesse do eleitor/consumidor, por meio de um novo formato. A política como espetáculo preencheu esse espaço.
Por fim, slogans quando ‘pegam’ se reproduzem como coelhos. No Brasil, desde a primeira eleição de Lula, abusa-se do uso de expressões que substituem o candidato, o partido, a coligação, à doutrina, à ideologia por uma vaga referência à coletividade: “somos”; “todos”; “juntos”; “unidos”
São expressões encapsuladas em slogans que levam a substituir a responsabilidade política identificável por uma identidade coletiva meramente publicitária, em busca da aceitação fácil e ufanista que se encontraria na unidade, sem nenhuma objetividade no mundo real.
é a propaganda enganosa que ninguém contesta, mas também que não informa quem é o responsável, como construir a união, o que fazer, quando, como. Não surpreende então que, algumas autoridades, quando cobradas por suas faltas ao governar evitam responder e recorrem à técnica dos 3 macaquinhos: Não vi, Não ouvi, Não falo.
A seguir uma lista desses slogans ‘placebos’, recolhidos facilmente de algumas horas de TV.
Juntos para Competir
Juntos podemos muito mais (PSC)O Brasil todo dança junto. (cartaz programa do Faustão)Movimento vamojunto – Casas BahiaTodos juntos fazem um trânsito melhor – Todos juntos para fazer o Brasil trabalhar melhor – FATFox: torcemos juntosTodos contra o Aedes AegyptiJuntos somos mais fortes que o mosquitoJuntos podemos – PSOLUnidos vamos trabalhar por um Brasil mais inteligente – PSLJuntos podemos vencer esta luta (Mutirão limpeza nos prédios)Juntos fazemos acontecer )Juntos somos mais fortes ) Publicidade sobre OlímpiadaJuntos somos todos Brasil )Unidos contra o Aedes (avião fumaça em Copacabana)Vamos juntos somar forças (Gov. Federal)Somos todos campeões(Olimpíadas; isto que ainda nem começou!)Juntos em prol do impeachment (Antagonista)Juntos por um mundo melhor (Ambev)
Como se constata nessa pequena porção de exemplos, parece que não é difícil fazer publicidade… Em todo o caso não se exige mais necessariamente criatividade e imaginação. Além disso, essas expressões são usadas por partidos e políticos de situação e oposição; de direita, centro, esquerda e a “soi disant” extrema esquerda; serve para ganhar (Olimpíada), para liquidar (Aedes Aegypti), para vender, para dançar (todos juntos???), para corrigir o trânsito, para vender cerveja…
