Uma coisa engraçada da vida é que, no final das contas, as pessoas são mais ou menos previsíveis em suas atitudes, como se fossem personagens de um filme hollywoodiano dos mais clichês.
é impressionante como num mundo em que há quase 7,5 bilhões de pessoas, muitas (muitíssimas) delas seguem esse roteirozinho bem padrão.
Se você é um indivíduo observador, já deve ter notado uma narrativa bastante comum nessa coisa de viver. Normalmente não vamos muito além do que, ainda nos primeiros anos escolares, aprendemos como sendo o ciclo da vida: nascemos, crescemos, nos desenvolvemos e morremos, com algumas aventurazinhas entre os intervalos (benditas sejam!).Se você é observador, também deve ter notado que, nesse filmezinho real, algumas personas desempenham papéis bastante estereotipados: o nerd massacrado na escola que vira gênio no futuro; o bad boy magia, supermegaultrapegador nos tempos áureos que vira o velho caquético e abandonado na terceira idade; o casal de adolescentes que namora há duzentos anos e se separa quando mais maduro; o rapaz que abandona os amigos por causa do rabo de saia; a menina que sofreu um término e posta selfies belíssimas com mensagens de autoafirmação; a ex que ficou gata depois do divórcio; a criança que se acha a tal porque a família a superestima; o funcionário que é excelente nos primeiros meses e depois desanda porque só queria impressionar; o demagogo pouca prática que deve até a alma ao diabo; o gurizão imaturo que some depois de três meses… Ah, são tantos os tipos, que elencá-los levaria algumas boas horas.
Isso, claro, sem falar no pior deles: aquele tipo que gosta de apontar o dedo pra vida dos outros, enumerando erros, julgando comportamentos, bancando o bom samaritano. Estou me referindo àquele ser inquisidor, que muito critica a sua pessoa por determinada atitude ou comportamento. Absolutamente TUDO o que você faz é motivo de reprovação pra ele. Notou que, normalmente, essa é a exatamente a pessoa que estará praticando a mesma ação amanhã? “Ah, tu fuma? Que horror!” Então, dali uns anos, o tal sujeitinho apocalíptico é justamente um dos caras que estará dando um trago numa esquina qualquer. “Nunca vou me casar”, o indivíduo profere. Só que dali um tempo será este o mais alegre nas selfies matrimoniais. Ora, quem muito julga é porque, no fundo, vive de inveja e morre sem coragem.
Ah, os tipos sociais. A população mundial aumenta, mas, inevitavelmente, é sempre mais do mesmo. Não, não sou a “diferentona”, até porque só percebe “tipos” aquele que já protagonizou “tipos”. Eu observo. Assim como muitos também observam. às vezes é quase como ser um dos anjos de Wenders. E muito raro descubro, aqui ou ali, um ou outro trapezista que me valha a atenção.
SEM FALSA MODéSTIA”Como tu tá linda”, alguém elogia. “Ah, são seus olhos” ou “Capaz” ou “Imagina, não é pra tanto” a pessoa que postou a foto responde. Sério? Você, que postou, postou por quê? Por que estava feia? Ah, dá vontade de retirar o elogio, sério. Gente, parem de falsa modéstia. Admitam que estão lindas, contentem-se com o elogio e digam um cordial “obrigada”, ou “grata”. Vamos aceitar que somos lindas. Não tem nada de errado nisso. Chama-se “amor próprio ou “boa autoestima”. Ponto!
NOTA SOBRE A SENSIBILIDADETem gente cuja falta de sensibilidade é tanta, que é melhor acreditar que a grosseria foi a tentativa estúpida de uma piada mal feita do que aceitar que de fato foi espontâneo.