Foi sepultado ontem à tarde, no cemitério de Linha 17 de Junho, o corpo de Altair da Silva, 35 anos. Doro, como era conhecido, morreu na madrugada de domingo, momentos depois de ser atingido por um tiro de revólver, enquanto participava de um baile, no pavilhão da comunidade Menino Jesus, no bairro Battisti. Seu irmão, Isair da Silva, 32 anos, e o amigo, Claudiomiro de Souza, 45 anos, também foram atingidos e seguem internados no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). O autor dos tiros é um homem que trabalhava como segurança no evento.
O fato ocorreu por volta das 2h30min. Quando a Brigada Militar chegou ao local, encontrou duas pessoas caídas no chão. Consta no registro policial que Luiz Antônio Veiga Gonçalves, 29 anos, que trabalhava como segurança, se apresentou e disse ser o autor dos tiros. Contou que ocorreu uma confusão dentro do salão e que se sentiu ameaçado por um grupo de pessoas e por isso atirou. A arma usada, um revólver calibre 38, não foi localizado.
Gonçalves declarou que o revólver é seu, mas que lhe foi tirado das mãos por outro segurança. Por isso, a arma não foi localizada. Ele foi encaminhado à Delegacia de Polícia e liberado posteriormente. O delegado plantonista, Márcio Niederauer Nunes da Silva, entendeu que não haviam elementos suficientes para prender Gonçalves em flagrante e determinou que ele fosse solto para responder pelos crimes.
Grave
Não bastasse a morte de um filho, o aposentado teme pela vida do outro. Nenê, como Isair é conhecido, foi atingido por um tiro no tórax e sofreu uma perfuração no pulmão. Ontem à tarde, foi submetido a uma cirurgia delicada e, após, foi encaminhado a um leito normal. Segundo informado pelo HSSM, ele não corre risco de morte.
Claudiomiro, que é amigo da família, também segue internado. Seu ferimento é na altura do tórax, mas como menor gravidade. Por isso, não precisou ser submetido a cirurgia. Preocupado, o aposentado limitou o número de visitas aos filho e ao amigo.
Pai quer justiça
Ontem à tarde, enquanto o filho Altair era velado e o filho Isair lutava pela vida no Hospital São Sebastião Mártir, o aposentado Ivo Luiz da Silva, 63 anos, falou com a reportagem da Folha do Mate. Ainda sem entender por que o autor dos tiros não foi preso em flagrante, decidiu contratar um advogado para acompanhar o caso. “Se meus guris estão errados, quero que paguem pelos erros deles. Mas se os outros estão errados, quero que seja feita justiça. Não importa quem são eles”, declarou.
Aposentado da CEEE, Silva disse que nunca gostou de ir a bailes no salão onde os filhos e o amigo foram atingidos por tiros. Sentado em um banco do necrotério Pawl Harris – e na companhia de um casal de filhos e de inúmeros amigos -, ouviu algumas versões de como tudo aconteceu. “Mas como é que um segurança vai armado e com colete à prova de balas para um baile?”, questionava Silva.
Um rapaz que estava no baile disse que viu como tudo aconteceu. Ele contou que houve um desentendimento envolvendo uma mulher e os seguranças decidiram tirar Altair, Isair e Claudiomiro de Souza do salão. Outras pessoas que estavam no baile saíram em defesa dos três e a confusão aumentou.
Na versão deste rapaz, que é conhecido da família do aposentado, o segurança Luiz Antônio Veiga Gonçalves pulou para dentro da copa, sacou o revólver e deu um tiro para cima. Em seguida, atirou em Isair, que caiu. Altair viu a cena e saiu em socorro ao irmão, e também foi atingido.
O rapaz se aproximou e teve o revólver apontado na sua direção, mas levantou os braços e pediu que Luiz abaixasse a arma. Neste momento, Claudiomiro foi na direção do segurança, que deu mais um tiro. Depois, fugiu para dentro de uma peça, onde funciona a bilheteria, e lá permaneceu até a chegada da BM.