Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do MateEm janeiro de 2009, Bonatto deu uma entrevista à Folha do Mate e disse não lembrar do que aconteceu naquela noite
Em janeiro de 2009, Bonatto deu uma entrevista à Folha do Mate e disse não lembrar do que aconteceu naquela noite

O júri mais aguardado dos últimos anos na Comarca de Venâncio Aires será realizado hoje. A partir das 9h, no Salão do Tribunal do Júri, o pai de santo Júlio César Bonatto, 46 anos, sentará no banco dos réus para responder pela morte do pastor evangélico Francisco de Paula Cunha Miranda, que tinha 44 anos na época do crime, que aconteceu em dezembro de 2008, no bairro Aviação.

A sessão certamente vai lotar as dependências do Fórum, localizado na rua Berlim da Cruz, bairro Cruzeiro. Por isso, senhas foram distribuídas pelo juiz João Francisco Goulart Borges, pelo promotor Pedro Rui da Fontoura Porto e pelo advogado de defesa, Marco Alfredo Mejia.

O CRIME

O pastor evangélico foi morto com um pontaço de faca, na noite do dia 20 de dezembro de 2008. O golpe foi certeiro e atingiu o peito do religioso. Ele caiu nas imediações de onde Bonatto possuía o seu centro espírita, na rua Conde D’Eu, bairro Aviação.

Segundo apurado pela polícia, naquele dia se realiza uma sessão no centro espírita. Muitas pessoas participavam e estavam dentro de uma peça fechada.

Em depoimento à polícia, Bonatto declarou que naquela noite algumas aves foram sacrificadas. Ele disse estar incorporado pelo seu guia, ‘Exu caveira’, e que, nesta condição, não recorda de nada que acontece.

No centro espírita, a polícia apreendeu três facas. Elas foram encaminhadas à perícia, mas Bonatto garante que só as usou no sacrifício das aves. O resultado da perícia não apontou a presença de sangue humano nas facas.

Muitos relatos chegaram ao conhecimento da polícia. Um deles mencionava que o pastor evangélico havia passado em frente ao centro espírita e proferido palavras ofensivas, o que teria indignado o pai de santo, que teria saído à rua.

DEFESA

Bonatto será defendido pelo criminalista Marco Alfredo Mejia. Em entrevista à Folha do Mate, disse que quanto as teses defensivas, podem ser usadas a negativa de autoria e a outra de cunho espiritual. “Esta também é interessante, pois de fato tudo gira em torno deste conflito entre crentes e a religião afro”, citou.