A Polícia Civil de Venâncio Aires está à procura de um pedreiro que por anos violentou a própria filha. O homem de 42 anos teve a prisão preventiva decretada e está foragido. Em depoimento ao delegado Paulo César Schirrmann, a vítima contou detalhes de tudo o que enfrentou até decidir denunciar o caso. A garota, que hoje tem 16 anos, passou a usar drogas e para manter o vício, pedia dinheiro ao pai. Em troca, ele abusava sexualmente dela. Agora, a polícia sabe que o pedreiro também violentou uma enteada.

O crime foi denunciado dia 9 de junho. No relato inicial, a jovem mencionou que o pai a molestava há anos. Ela decidiu se manter calada por que ele sempre a ameaçava de morte e de atear fogo na casa onde a vítima mora com a mãe, de 50 anos. O casal está separado há oito anos.

Em depoimento, a adolescente  detalhou como passou a ser molestada pelo pai. A primeira vez, diz, foi aos sete anos. Como dormia na mesma cama, o pedreiro passou a molestar a filha. A criança cresceu e os abusos se intensificaram. Com medo, a menina decidiu se manter calada.

Com os pais separados, a vítima encontrou nas drogas uma fuga para seu martírio. Passou a fumar maconha e cheirar cocaína. Quando não tinha dinheiro, pedia para o pai. “Daí ele marcava um lugar para nos encontrarmos e me levava até a casa dele, onde tudo acontecia”, revelou a adolescente.

A decisão de contar tudo para a mãe veio depois de uma conversa que a adolescente teve com a irmã de 24 anos, fruto de um relacionamento da mãe com outro homem. Também por que a jovem está namorando e quer se livrar das drogas. “Sempre desconfiei, mas quando perguntava para ela, me negava”, declarou a irmã, que é mãe de uma criança e mora com o companheiro.

E foi através do depoimento da irmã mais velha da adolescente que a polícia soube de outro fato: o pedreiro também estuprou a enteada. Em seu relato, contou que passou a ser molestada quando tinha apenas oito anos de idade. “No começo achava que era natural, coisas entre pai e filha”, mencionou. Com o tempo, a moça saiu de casa, mas sempre desconfiou das atitudes do padrasto com sua irmã mais nova. Mesmo fora de casa, seguia sendo abusada pelo pedreiro.

Aos 18 anos, se tornou evangélica e decidiu contar tudo para o pastor. O religioso denunciou a situação para a mãe da garota e então houve a separação do casal.

Na semana passada, ao saber que o caso havia sido denunciado na Delegacia de Polícia, o pedreiro ligou. Pediu perdão para a mãe e a filha e queria que a queixa fosse retirada. Elas disseram que dariam seguimento ao caso, mas mesmo que quisessem, não poderiam retirar a denúncia. “Quando a polícia toma conhecimento de uma situação destas, independe da vontade da vítima dar andamento ao caso”, explica o delegado Schirrmann.

DIVULGAçãO

A divulgação de casos que envolvem menores de idade é vedada pela Justiça. Principalmente as vítimas de abusos sexuais. Por isso, não se divulga nome dos envolvidos, o local onde moram ou qualquer situação que possa vincular a vítima ao abusador. é uma maneira de preservar as vítimas.

Por outro lado, o delegado Schirrmann entende que a divulgação de casos polêmicos como este são um incentivo para que outras vítimas denunciem seus agressores. “Sempre que se divulga casos assim, surgem novas vítimas”, conta o delegado.