Ao lado das princesas Fernanda Landim e Tamara Wermuth, ângela Roberta Bencke representou a Festa Nacional do Chimarrão em 2010. O título de rainha foi
conquistado aos 20 anos. Mas a experiência em passarela começou cedo. Já aos cinco anos foi eleita 1ª Princesa do carnaval infantil do interior. Aos 10 anos veio o título de rainha no mesmo concurso. E, depois, participou do Garota Verão em Passo do Sobrado, na qual passou para a Etapa Regional.
No concurso que escolheu a corte da 11ª Fenachim, ângela representou a Real Tabacos, onde trabalhava como auxiliar de escritório. “Eu não tinha a intenção de participar, mas acabei sendo incentivada a buscar o apoio da empresa e concorrer. Ao receber o apoio do diretor da empresa e da minha mãe acabei participando.”
Durante o concurso e também na Festa, ângela acompanhou a batalha da mãe contra um câncer. Assim, a edição da Festa foi marcada por muita luta e tristeza, mas também de glórias e alegrias. A noite de escolha, dia 31 de outubro, segundo ela, foi especial. “No dia de escolha estava toda a minha família, minha mãe estava bem eufórica, muito feliz, pois ela tinha passado por todo o tratamento de quimioterapia e radioterapia e estava ficando boa. Além disso, a empresa me deu muito apoio, me liberava para as tarefas, se mobilizaram para a torcida. Então, aquela noite foi bem especial, bonita, mágica.”
Seu contato com a Festa iniciou ainda pequena. Quando tinha cerca de cinco anos, a mãe trabalhou no café colonial durante a 4ª edição da Festa. “Lembro que eu estava sentada na escadaria e passou a corte que tinha como rainha a Janaína Lenz. E ela colocou a mão na minha cabeça e disse: que menina linda. E aquilo ficou, nunca mais esqueci. E assim eu sempre admirei a Festa, as meninas que ganhavam e nunca tinha me imaginado ser um dia uma delas.”
O período de divulgação da Festa foi intenso, mas cheio de diversão, muitas vezes, puxada pela rainha. “Não apareci na empresa por dois meses. E nossa rotina começava bem cedo. Nem sempre tínhamos produção no salão de beleza, para muitos eventos e visitas a municípios nos arrumávamos mesmas. E depois de um dia intenso, eu ainda ia à faculdade a noite. E nos divertíamos muito, acho que eu era a mais aloprante da turma. Aconteceram alguns fatos cômicos, um dia a Tamara caiu de uma escada.”
Nesta rotina, ângela ganhou uma nova família. “O que foi muito gratificante foi a relação que se criou com a Comissão Social da Festa, a Ingrid Hamester e a Donaide Moraes foram duas mães pra nós, e também as princesas Fernanda e Tamara, que são duas irmãs, que sei que posso contar sempre com elas e vice-versa. Uma coisa que não vai morrer nunca, é um carinho imensurável que temos uma pela outra.”
O carinho das pessoas foi uma das melhores conquistas da jovem no período. “A melhor coisa é o reconhecimento e retorno das pessoas, o carinho que te passam, a receptividade que tivemos em todos os lugares que fomos, isso tudo foi muito importante.” Das lembranças materiais, ela guarda com muito carinho a coroa. “O meu vestido, confeccionado pela Fabiana Hamester, foi o mais bonito de todos. Adoro ele, mas infelizmente não está mais comigo. Pelo menos a coroa ficou para relembrar daqueles momentos. Teve uma ocasião, quando morei com minha amiga e nossa casa foi arrombada e roubaram todas as minhas bijuterias e acessórios da Fenachim, sorte que não acharam a coroa.”
A Festa, que ocorreu de 1º a 11 de maio, de acordo com a rainha foi linda, mas ao mesmo tempo, muito difícil para ela. “Minha mãe que estava bem durante o período da escolha, acabou descobrindo que estava com um novo câncer e a batalha começou de novo. E eu ficava muito abalada porque precisava sair e deixá-la sozinha, as vezes ela estava ruim. E no início da Festa, lembro de terem me avisado que ela tinha ido para o hospital. Então, me levaram ao hospital, de vestido e tudo, e a imunidade dela baixou e eu não podia mais chegar perto. Eu a visitava mas não podia me aproximar dela, no Dia das Mães não pude dar uma flor. Quando chegava em casa de noite da Festa eu estava sozinha.” Ela ainda destaca que não conseguiu aproveitar a Festa como gostaria. “Foi muito difícil, mas consegui receber as pessoas na Festa, manter o sorriso. Era nos shows, como do Chimarruts, do Luan Santana, que eu chorava muito, nem sabia o porque, era o momento do descarrego.”
Um dos piores momentos da vida da jovem foi vivido logo ao final da Festa. “Ao final da Festa, minha mãe recebeu alta e ela estava muito feliz por estarmos juntas. E lembro que ela estava de sonda e escreveu num papel que ela queria que eu lhe fizesse um suco de melancia e eu fiz e dei pra ela. E no outro dia já desandou tudo, os remédios não faziam mais efeito e assim ela chegou a falecer em seguida. Parecia que ela tinha esperado terminar a Festa, para ainda ficarmos juntas, e depois partir. Então, infelizmente a Fenachim não foi só alegria. Pois a pessoa que eu mais queria que estivesse comigo na Festa não estava lá, ela não conseguiu nem ver meu banner exposto no Parque.”
O apoio recebido dos envolvidos na Festa ajudaram a jovem a superar o momento difícil. “A comissão toda, as meninas foram muito legais. A Ingrid, também, logo saiu comigo pela cidade para procurar uma casa, pois eu não quis continuar naquela em que estava com minha mãe.”
Cinco anos depois
Depois da Fenachim ainda conquistou o título de rainha da Indústria e Comércio do RS. Depois da Festa seguiu trabalhando ainda como auxiliar administrativa na Real Tabacos. Depois trabalhou em uma empresa de refrigeração. E atualmente trabalha no Justiça Eleitoral.
Já a faculdade de Direito foi iniciada pela jovem ainda na época do concurso. A expectativa é de se formar no próximo ano. Atualmente, o foco também está em estudos para concursos públicos, nos quais concorre para assegurar uma vaga.
“A Fenachim pra mim é inesquecível, foi algo muito forte, me ajudou bastante, apareceu num momento difícil da minha vida, mas ao mesmo tempo, veio para me fortalecer e me ajudar a superar o que estava vivendo naquele tempo”