Foto: Arquivo Pessoal / DivulgaçãoMC Jorginho busca, agora, escrever músicas que retratam o dia a dia das pessoas para que elas possam se identificar
MC Jorginho busca, agora, escrever músicas que retratam o dia a dia das pessoas para que elas possam se identificar

Jorge Fabrício Costa, de 20 anos, conhecido popularmente como MC Jorginho, tem envolvimento com o Funk desde criança, mas atua como MC há cerca de dois anos. Atualmente, tem três músicas lançadas e 30 composições. Além de fazer shows pela região, também trabalha como designer gráfico e o próximo objetivo é lançar uma música no fim do próximo mês.

O MC conta que no início da carreira optava por compor e cantar músicas voltadas à ostentação, ou seja, as letras falavam sobre coisas que algumas pessoas gostam de ter, mas não têm. A opção de trabalhar com esse tipo de conteúdo surgiu porque, segundo ele, a maioria das pessoas sonha em ter um carro de luxo e uma casa bonita, por exemplo.

Agora, no entanto, busca escrever algo voltado a situações do dia a dia e vivenciadas por ele. “Eu procuro escrever agora uma letra em que as pessoas podem se identificar nela e tento fazer a música passar uma mensagem positiva às pessoas. Faço um funk que exalta a mulher, suas qualidades e belezas”, comenta.

LETRA E BATIDANa opinião do MC Jorginho, anos atrás o Funk tinha menos letra e mais batida. Agora, as batidas foram deixadas de lado e o que recebe mais destaque são as próprias letras. “O Funk tem uma batida envolvente, as pessoas gostam de dançar e por isso faz sucesso”, acrescenta.

Sobre as letras pejorativas, o músico ressalta que é preciso respeitá-las, porque cada pessoa tem gostos diferentes: “Cada gênero musical vai atingir um público e eu procuro respeitar os gostos de todo mundo”. Para ele, o Funk ainda sofre muito preconceito por ser um estilo musical que surgiu das favelas e periferias, mas ele garante que quem trabalha com esse estilo também tem que entender e ter conhecimento sobre música.

LEIA TAMBéMLetras do Funk e suas influências na sociedade.

 Funk é um dos estilos mais tocados em festas

Para o DJ Pablo Felten, que trabalha na profissão há cerca de 12 anos, nos últimos tempos, principalmente as meninas têm solicitado muito o Funk nas festas: “O Funk praticamente tomou conta, não pela letra em si, mas pelo ritmo, que é bem dançante, porque ele é um som mais animado e agitado. Na nossa região é um estilo de música que não pode faltar em qualquer festa”.

Felten ressalta que as pessoas não costumam pedir para tocar músicas com letras pejorativas, mas pedem pelo estilo musical em si. Diante disso, ele busca selecionar as músicas e evitar aquelas que contêm algum tipo de conteúdo obsceno: “Eu coloco para tocar um som que é dançante, mas que, ao mesmo tempo, é suave, para evitar que fique algo vulgar”.

Na opinião do DJ, a sociedade tem um preconceito muito grande em relação ao Funk e se forem tocadas nas festas apenas músicas com conteúdo obsceno, pode aumentar ainda mais esse preconceito. Para ele, o sucesso desse estilo musical se deve ao fato de ele retratar uma realidade das pessoas, o que faz elas se identificarem. Além disso, ele acredita que a mudança de comportamento dos jovens de hoje comparados aos de anos atrás também contribui para o sucesso do estilo. “O jovem era muito diferente, hoje ele está mais ousado”, diz Felten, que ainda complementa: “no início do trabalho como DJ havia um Funk diferente se comparado ao de hoje, onde a maioria das letras são voltadas à ostentação”.