“O povo de Venâncio acordou, o povo decidiu, ou baixa esse salário ou vamos parar tudo aqui.” Com essa frase o líder do Movimento Despertamos, Daniel Polleti, encerrou o pronunciamento na tribuna da Câmara de Vereadores de Venâncio Aires, na segunda-feira, 1º de julho, quando cerca de 80 jovens ‘pararamÂ’, por cerca de meia hora, a sessão ordinária.Nos cartazes e no grito por mudanças, a principal reivindicação ficou em torno da redução em 20% dos salários do prefeito, vice, secretários e vereadores da Capital do Chimarrão.

A demanda, entretanto, não fugiu das conversas políticas, especialmente daqueles que exercem cargos eletivos. Pela lei, estes salários devem ser fixados para os quatro anos de mandato ou legislatura. A votação, que passa pela Câmara de Vereadores, ocorre no ano que antecede as eleições municipais.  A próxima alteração ocorrerá apenas em 2015.

Especificamente sobre a questão salarial, cobrada pelo movimento Despertar, o prefeito Airton Artus, em resposta à mobilização, disse que o valores dos salários devem estar ligados a uma análise do compromisso, produtividade e transparência do poder público. Destacou que no casos dos eleitos (prefeito, vice e vereadores), a decisão de concorrer é importante, pois muitas vezes demanda largar a carreira profissional e, depois de cumprirem o mandato, precisam retomar, o que se torna mais difícil. “Depois do meu mandato tenho que recomeçar, enquanto que um governador, por exemplo, tem direito a uma aposentadoria. O prefeito não”, explica o chefe do executivo, que é médico, mas se dedica à função de prefeito, atualmente.

Lembrou que se o repasse de dinheiro para uma instituição fosse a solução, o hospital não teria enfrentado problemas que levaram à intervenção. “A gestão de recursos feita por pessoas qualificadas, com estudo, aperfeiçoadas e com capacidade de trabalho para enfrentar 12, 15 ou até 16 horas por dia é o que garante resultados na Administração Pública”, frisou. Por fim, convidou algum manifestante interessado, e até a imprensa, para acompanhar a rotina de quem ocupa um cargo público em Venâncio.

Segundo Artus, a prefeitura procura aperfeiçoar seus funcionários, acompanhar a produtividade e sempre que necessário, ajustes são feitos, que envolvem valorizar as habilidades e o potencial técnico, até mesmo para assumir cargos de confiança. “Estudo política há mais de 30 anos e estou aberto ao diálogo para analisar o que foi feito até aqui, ouvir sugestões.” Para ele, a solicitação de redução de salários é uma ‘questão simplistaÂ’ e não garante melhoras nas finanças do Município, nem mesmo, na qualificação dos serviços. Sobre as demais reivindicações dos manifestantes, o Chefe do Executivo disse que elas devem ser mais abrangentes e que possam resultar em um futuro melhor. Para ele, uma grande mudança, que atingiria a população, seria a reforma tributária.

Sobre a corrupção, um dos temas mais pautados nas manifestações em todo o Brasil, Artus destacou que antes mesmo de iniciar a onda de protestos, ele propôs que fosse formada uma comissão em Venâncio anticorrupção, formada por partidos e membros da comunidade, para que não ocorra compra de votos durante uma eleição.