Venâncio Aires conta com seis pontos de internet livre em cinco bairros da cidade nas áreas públicas de cada comunidade. A iniciativa existe há oito anos e é resultado de uma parceria público-privada, realizada entre a prefeitura e três diferentes provedores de internet. A medida garante acesso à internet para diversos moradores desses locais, a maioria jovens e adolescentes, que utilizam o sinal principalmente para acessar as redes sociais.
A associação dos moradores da Vila Freese, no bairro Santa Tecla, é um dos locais que possui um ponto de internet livre. A reportagem chegou na tarde de ontem, no local, e sete adolescentes estavam lá por volta das 14h. “Estamos usando o Wi-Fi”, contaram eles. Os encontros do grupo ocorre pelos há dois anos na associação, mas não são muito frequentes. – As vezes viemos pra cá para usar o sinal, mas não é sempre que isso acontece”, conta Ederson Henrique Ferreira, 17 anos.Mas, normalmente, eles afirmam que há duas ou três pessoas que ficam sentadas na frente da associação utilizando o sinal. Quanto maior o número de pessoas conectadas, mais lenta é a conexão. E a lentidão da conexão é a maior reclamação deles. “A internet funciona, mas é muito lenta”. Nos dias de chuva, é quando a qualidade do sinal fica ainda mais instável. Para resolver, eles recorrem ao presidente da associação, Guiomar da Rosa, o Guita, que reinicia o roteador para tentar melhorar a conexão. Para utilizar a internet é preciso ter uma senha que está disponível na área interna da associação. “Agora nós vamos nos passando a senha, mas quem não conhece não consegue se conectar”. De acordo com Wesley Assman, 16 anos, o acesso a internet nos smartphones até funciona de forma razoável, mas nos notebooks a conexão fica muito lenta.
OS PONTOSAlém da Vila Fresse, o bairro Coronel Brito conta com dois pontos de internet livre, um deles está localizado no Ginásio da Escola 11 de Maio e outro na Praça do local. No Cidade Nova, existe um ponto na biblioteca. O parque do Chimarrão, que fica localizado no bairro Leopoldina, conta com outro ponto e também o São Francisco Xavier também possui sinal livre disponível.Segundo o secretário Leandro Pitsch, a intenção é ampliar os pontos de internet livre criando um cinturão de conexão entre os bairros da cidade. Além disso, as parcerias serão promovidas para que a internet também seja implantada nas áreas publicas de algumas localidades do interior. “Nós queremos ampliar a inclusão digital. Queremos que jovens e idosos possam estar conectados e aprendam a utilizar a internet. Queremos proporcionar que as praças e as áreas verdes sejam espaços onde grupos de amigos e colegas possam frequentar e façam daquele local um ambiente de convívio e estudo”, afirma. Mas na Vila Freese, a internet não é utilizada para fins educacionais. Pelo menos, para a turma de amigos que encontramos. Eles deixaram claro que usam o sinal estritamente para acessar as redes sociais e a última aplicação é para fins escolares.
RESPONSABILIDADENos demais locais, o ponto de internet livre fica na associação de moradores de cada bairro e, são os dirigentes, que ficam responsáveis pela conexão. Se a internet não funciona plenamente os usuários levam a demanda até o presidente da associação, que entra em contato com a prefeitura, e abre um chamado para a empresa responsável pelo sinal resolver o problema. No bairro, Coronel Brito, a presidente da associação de moradores, Lindair Garcia Fonseca, afirma que são poucas as reclamações relacionadas ao sinal. “Alguns reclamam que ela é lenta, principalmente, quando tem mais pessoas utilizando, mas ela funciona”. Quando a internet fica muito instável ela conta que os usuários do serviço pedem para ela entrar em contato com a empresa responsável pelo sinal para tentar resolver a instabilidade detectada. PARTICIPAçãOUma das principais intenções da Administração Municipal com a disponibilização dos pontos de internet livre nas associações é tentar incentivar que os cidadãos estejam inseridos dentro do convívio da comunidade. Mas isso não acontece. Na prática, os jovens [maior número de usuários] utilizam o sinal aberto nos locais, mas não participam efetivamente da rotina da associação. “Eles se envolvem pouco, mas as vezes faço eles recolherem o lixo da pracinha. Se não fizerem eu desligo a internet, então eles acabam recolhendo porque não querem ficar sem o sinal”, afirma Lindair.
Mediando conflitosNo Coronel Brito, os jovens são o principal público presente nos espaços com internet livre. “Faça chuva ou faça sol, eles estão lá”, conta Lindair. Mas ali surge um problema: os conflitos. Segundo ela, é comum moradores levarem até a associação reclamações sobre barulho, baderna e bebedeira na pracinha. “Mas aí eu vou lá e converso com a gurizada. Peço para eles respeitarem os vizinhos do entorno e se precisar eu desligo a internet por dois ou três dias pra eles entenderem o recado”. De acordo com ela, é mais comum a existência de conflitos entre os usuários da internet e a vizinhança do que reclamações relacionadas a qualidade do sinal.
Como funciona
Os pontos de internet livre espalhados pela cidade são fruto de uma parceria entre a prefeitura e três empresas que fornecem o sinal. A Administração não paga nada pelo serviço disponível, mas fornece infraestrutura – através de prédios públicos -, para a triangulação realizado pelas empresas ampliarem o sinal. “Dessa forma a empresa não precisa fazer investimento em estrutura para instalar uma antena, que vai repetir o sinal, mas vai utilizar os prédios públicos daqueles locais para fazer a triangulação”. Além do uso da infraestrutura as empresas também podem utilizar a torre comunitária, local onde há repetidoras de emissoras de televisão aberta e de empresas parceiras do município.