Mais de 100 famílias da localidade de Paredão Pires, interior de Venâncio Aires, voltam a se mobilizar para se anexar ao município de Boqueirão do Leão, que fica na divisa da localidade. Na última semana, moradores foram até à Câmara de Vereadores, onde receberam o apoio dos parlamentares daquele município.

A comunidade, formada por cerca de 500 moradores, luta há pelo menos 7 anos pela desmembração da Capital do Chimarrão. A última mobilização oficial ocorreu em 2006, no governo do então prefeito Almedo Dettenborn, mas segundo moradores, a anexação é aguardada desde 1988, quando Boqueirão do Leão foi emancipado de Lajeado.

Conforme o presidente do Legislativo de Boqueirão, Robson Claus (PMDB), a localidade é muito distante da área urbana de Venâncio e por isso, carece de atendimentos, que acabam sendo buscados  na cidade vizinha, que fica mais próxima. “Eles têm toda razão. é um direito deles lutar por uma melhor qualidade de vida”, acentuou o peemedebista.  “Eles nunca têm direito a uma máquina, pois precisam de no mínimo 20 talões de produtor e a maioria tem os talões em Boqueirão e não em Venâncio”, acrescenta.

Prefeito de Venâncio Aires, Airton Artus, disse que apesar do Município prezar pela seu território, se esse é o desejo da comunidade, a Administração vai apoiar. Ele destacou que Paredão Pires é uma localidade muito produtiva  e que utiliza de diversos serviços de Boqueirão do Leão. Inclusive propôs um diálogo entre os governos municipais, para estreitar as relações em prol da comunidade. “A gente compreende os moradores”, destacou.

Chefe do Executivo de Boqueirão, Luiz Augusto Schmidt também apoia a mudança. Segundo ele, a discussão deve ser ampliada. “A gente entende que é mais fácil, pois ficaria mais fácil para os moradores.” Entretanto, Schimidt observa que isso pode demorar anos, pois envolve uma mudança em todo o mapa do estado.

DISTâNCIA QUE DIFICULTA

Morador de Paredão Pires há 40 anos, Leonir Astelho Watte, 46 anos, é uma das lideranças da localidade que vem se mobilizando para atender a demanda. Ele destaca que grande parte dos mais de 500 moradores buscam em Boqueirão os principais serviços e atendimentos. “Quando precisamos atendimento de saúde, por exemplo, a gente vai lá. Quase vale mais a pena pagar uma consulta particular do que ir até Venâncio. Sai muito caro.”

Segundo dados colhidos entre os moradores, mais de 90 pessoas têm bloco de produtor cadastrado em Boqueirão; são mais de 70 veículos, sendo que 95% estão emplacados com placas do município vizinho. Além disso, cerca de 70 pessoas possuem título de eleitor em Boqueirão. Ainda, segundo Watte, a maioria dos moradores é produtor de tabaco e juntos plantam mais de R$ 6 milhões de pés de fumo, por safra.  Na área de educação, a dependência pela cidade vizinha também se manifesta. Segundo Leonir, apenas sete alunos estão matriculados na escola municipal Alcebíades Moreira. Os demais se deslocam para escola de Santa Cruz ou escolas de Boqueirão.

A localidade, distante cerca de 60 quilômetros do centro de Venâncio, faz divisa com Boqueirão, município distante cerca de 15 quilômetros.  “Saúde, educação, serviços de banco, de máquinas a gente busca em Boqueirão. A gente vai para Venâncio quando é muito necessário”, disse.

Os moradores da localidade pretendem, junto com o Executivo de Boqueirão do Leão, se reunir, na segunda-feira, 1º de julho, com os vereadores de Venâncio Aires. O encontro, será a partir das 18h, na Câmara.