Se o dia 16 de março já tinha ficado marcado na história do Brasil por conta da nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil – por meio de edição extra do Diário Oficial da União (DOU) – e da liberação de conversas grampeadas sugerindo que a presidente Dilma Rousseff agiu para evitar uma eventual prisão do padrinho político, a quinta-feira, 17, não ficou para trás.
Os desdobramentos do ato presidencial se estenderam por todo o dia, com suspensão da nomeação de Lula, recurso da Advocacia-Geral da União (AGU) ao Supremo Tribunal Federal (STF) e, paralelamente, formação da comissão especial de impeachment na Câmara dos Deputados. Somaram-se a isso os protestos por todo o país, a maioria esmagadora contra o governo e a posse do ex-presidente.
Além de retratar tudo que ocorreu ontem em Brasília, especialmente, a Folha do Mate repercutiu as informações com lideranças venâncio-airenses dos partidos envolvidos nas discussões políticas que, neste momento, dominam o noticiário nacional.
Defesa
O ministro Teori Zavascki, relator no STF de duas ações – uma apresentada pelo PSB e outra pelo PSDB – contra a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Casa Civil, deu o prazo de cinco dias para que o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, e o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se manifestem sobre o caso.
Zecão: “é uma vergonha nacional”
O presidente do PMDB de Venâncio Aires, José Ademar Melchior, o Zecão, afirmou que os desdobramentos políticos que ocorrem no país são uma “vergonha nacional”. “Presidente fazendo nomeação de ministro é uma clara tentativa de salvar o ex-presidente Lula para ele fugir do julgamento do Juiz Sérgio Moro”, declarou. Zecão comunga com as determinações apontadas pela executiva estadual do partido, que defende o desembarque da base do Governo Federal. “Vejo com muita vergonha essas questões que estão acontecendo no país”, reforçou.O pemedista defende o andamento do impeachment, mas não apoia que o vice-presidente, Michel Temer, que é do seu partido, conduza o país. “Acho que deveria haver novas eleições e o Temer não deveria assumir”, disse. Perguntado sobre uma possível nova eleição para Presidência da República, Zecão disse desconhecer um nome do PMDB que teria respaldo para conduzir a governabilidade brasileira.
Mudanças e transformaçõesO governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), se manifestou na manhã de ontem sobre a situação política que o país enfrenta. Ele destacou que o povo brasileiro deseja mudanças e transformações. “Esta é uma hora em que cada brasileiro deve trabalhar ativamente para a superação das dificuldades coletivas. Devemos buscar, em conjunto, soluções realistas que devolvam a paz e a esperança de futuro ao nosso povo, sempre nos termos da Constituição Federal”, afirmou.Em seu discurso, defendeu que as instituições devem funcionar livremente e que as responsabilidades sejam apuradas severamente. “Os fatos dados ao conhecimento público na tarde de ontem (quarta-feira) são muito graves e possivelmente não têm antecedentes na história nacional. A interpretação desses fatos compete à manifestação das ruas, ao Poder Judiciário e ao Congresso Nacional”, avaliou Sartori.
Sete partidos condenam corrupção
Através de nota, sete partidos de Venâncio Aires – PT, PTB, PP, PCdoB, PR, PRB e PRP – representados por seus presidentes, declararam apoio irrestrito a todas as investigações em curso contra a corrupção na defesa de um país livre e democrático. “Repudiamos todos aqueles que se autobeneficiam do setor público, seja na instância federal, estadual ou aqui no município. Não pactuados com a impunidade, independente de partido, doa a quem doer. Reafirmamos o nosso respeito e total apoio a todo e qualquer tipo de movimento democrático e popular que luta por um país melhor, justo, livre e democrático”, diz o comunicado. As legendas finalizam reiterando que “a honestidade na política não deve ser uma exceção, deve ser a regra”. Os presidentes de cada partido assinam a nota, além do vice-prefeito Giovane Wickert (PT).
Atenção às escolhas
O PSDB de Venâncio Aires também se manifestou através de nota, e disse se solidarizar com as manifestações diante da “degradação moral e do desastre econômico-social promovidos pelo governo Dilma Rousseff”. No texto, o partido defende a livre manifestação de opinião e o direito à expressão dos cidadãos e apoia os atos pacíficos e democráticos promovidos pela população. “O partido repudia a atitude daqueles que cerceiam e deturpam o direito à livre manifestação, e tentam convencer a população de que a crítica aos governantes se confunde com atentados contra a ordem institucional e o Estado de Direito. Acreditamos que a participação popular melhora as instituições e eleva os padrões de governança pública”, continua o texto. “O diretório de Venâncio Aires reitera seu compromisso com todos os que desejam um país mais forte, íntegro, justo, solidário e democrático. Por isso nosso posicionamento é: Pelo Brasil, e fora corrupção”, conclui a nota.
PDT divulga nota
O diretório municipal do PDT divulgou ainda na manhã de ontem uma nota através da qual se posiciona em relação ao atual cenário político nacional e também ratifica sua posição de repúdio à permanência do partido na base aliada do Governo Federal. De acordo com o comunicado, “diante da crescente crise política; da diminuição da atividade econômica; da deterioração da estrutura administrativa federal; do desemprego no setor privado; e da crise ética e administrativa enfrentada pelo país, o PDT de Venâncio Aires exige do diretório nacional a convocação de convenção extraordinária para reposicionamento na esfera federal”.
OAB não se manifesta
O presidente da seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Venâncio Aires, Marcos Joaquim Thiel, disse ontem que o Conselho Federal da OAB convocou os presidentes regionais da entidade para um encontro hoje, em Brasília, e que desta reunião sairá o posicionamento único em relação às gravações de conversas telefônicas entre a presidente Dilma e o ex-presidente Lula e ao rito do impeachment. Ele afirmou que só vai se pronunciar em nome da OAB depois que a entidade divulgar sua posição.