Uma reunião de cerca de cinco minutos, na tarde de ontem, foi suficiente para o PMDB definir, por aclamação, o ‘desembarque’ do Governo Federal. O diretório nacional determinou,

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também, que os seis ministros do partido e outros filiados que ocupam funções no Executivo entreguem seus cargos. O encontro da cúpula não contou com a participação de Michel temer, vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB. Ele argumentou que não participou da reunião para não influenciar a decisão.

Embora não tenha comparecido ao ato que sacramentou a debandada da sigla da base aliada, Temer teve papel fundamental na mobilização pelo ‘desembarque’. Ele dedicou a segunda-feira, 28, para participar de reuniões com parlamentares e ministros do partido na busca de uma decisão ‘unânime’. Coube ao senador Romero Jucá (PMDB-RR), a condução dos trabalhos. Após rápida consulta aos peemedebistas, ele decretou o resultado da votação e o consequente rompimento com o governo de Dilma Rousseff (PT).

O anúncio do PMDB incrementa a crise política e é considerada um fator determinante no processo de impeachment da presidente. A expectativa é de que, com a decisão peemedebista, outros partidos da base aliada resolvam deixar o governo. Hoje, o PMDB tem a maior bancada da Câmara Federal, com 68 deputados, mas o suporte a Dilma nunca foi unânime. Os atritos acabaram intensificados a partir do enfraquecimento da economia e a deflagração do processo de afastamento da presidente da República.

MINISTROS

Na reunião de ontem, o PMDB acertou também que os ministros da legenda que descumprirem a determinação de deixar o governo poderão sofrer sanções, entra elas a expulsão do partido. Michel Temer garantiu que vai continuar na função de vice-presidente, pois entende que foi eleito pelo povo na chapa de Dilma e, dessa forma, não ocuparia cargo de submissão à presidente.

Vem Pra Rua aponta 258 deputados a favor do impeachment

Um levantamento do movimento Vem Pra Rua, disponível no endereço www.mapa.vemprarua.net, apontava, ontem, que dos 513 deputados federais, 258 são a favor do impeachment da presidente da República, enquanto 137 estão indecisos e 118 manifestam posição contrária ao processo. Quando o pedido for colocado em votação na Câmara Federal, serão necessários 342 votos para sequência da tramitação.

Como a acusação é de crime de responsabilidade (pedaladas fiscais), o rito continuaria no Senado, onde 54 dos 81 parlamentares teriam que acompanhar o impeachment para a efetiva da cassação do mandato de Dilma Rousseff. O julgamento ocorre no plenário do Senado, em sessão muito parecida com um júri comum, com direito à defesa do réu, palavra da comissão de acusação e possibilidade de depoimento de testemunhas. Conforme os dados do Vem Pra Rua, atualmente são 25 senadores a favor do impeachment, 21 indecisos e outros 25 contrários ao processo que pode culminar na queda de Dilma.

GAúCHOS A FAVORDe acordo com a apresentação do Mapa do Impeachment, nome dado pelo movimento Vem Pra Rua ao mecanismo de monitoramento da posição de deputados e senadores em relação ao processo, dos 31 parlamentares gaúchos com assento na Câmara, 19 são favoráveis à deposição, enquanto quatro se declaram indecisos e oito são contrários ao processo. Entre os senadores, dois são a favor – Lasier Martins (PDT) e Ana Amélia (PP) – e um é contra – Paulo Paim (PT).

Entre os que mais fizeram votos em Venâncio Aires para a Câmara dos Deputados nas eleições de 2014, apoiam o impeachment Sérgio Moraes (PTB, com 9.828 votos), Heitor Schuch (PSB, 7.268), Danrlei de Deus Hinterholz (PSD, 806) e João Derly (Rede, 555). Os indecisos são Carlos Gomes (PRB, 421), Pompeo de Mattos (PDT, 414), Giovane Cherini (PDT, 143) e Renato Molling (PP,62). Como contrários aparecem Maria do Rosário (PT, 2.961), Afonso Motta (PDT, 2.691), Paulo Pimenta (PT, 1.681) e Elvino Bohn Gass (PT, 495).