Assaltos, roubos e furtos de veículos preocupam a polícia da região. Levantamento feito junto à Polícia Civil de Venâncio Aires mostra que só nestes 23 dias de outubro foram registradas 31 ocorrências do gênero. Em Santa Cruz do Sul – sem levar em conta os assaltos -, foram 34 registros de furtos e roubos de veículos no período.Casos como o que aconteceu quinta-feira à noite, no bairro Aviação, assustam a população e aumentam o trabalho da polícia. Uma jovem de 26 anos foi atacada e teve o carro roubado, enquanto aguardava uma amiga, próximo à Secretaria de Obras. A vítima estava dentro do seu automóvel, um Fox preto, escutando música, quando notou que um rapaz caminhava na sua direção.Já temendo o pior, ela desligou o rádio – para não chamar a atenção -, mas viu que o indivíduo passou e sumiu. “Acendi um cigarro e de repente senti um frio na minha cabeça”, declarou ontem pela manhã na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA).Era o cano de um revólver que o assaltante tinha encostado em sua cabeça. O rapaz mandou ela sair do carro e deixar tudo em seu interior. Em segundos, embarcou no Fox e fugiu em direção à rua Carlos Wagner. O carro foi recuperado sexta-feira pela manhã, abandonado nos fundos da antiga pista do aeroporto, no bairro Gressler. Tinha avarias no pára-choque dianteiro e estava coberto pelo pó do extintor de incêndio.Para a polícia, esta é uma das situações que se verificam no município. “São grupos distintos que estão agindo, para praticar delitos distintos, em locais diferentes”, explicou o inspetor Paulo Ullmann, chefe do Setor de Investiagações (SI).Ele revela que já há pessoas identificadas e que serão indiciadas pelo roubo de veículos. No entanto, diz que há situações ainda não esclarecidas e que seguem sendo investigadas.
QUATRO SITUAçõESUllmann cita que um dos grupos que está agindo rouba veículos para praticar assaltos em outros municípios. Ele lembra dos assaltos realizados contra um ônibus de excursão, em Barros Cassal, e contra um estabelecimento, em Vera Cruz. Nos dois casos, os veículos roubados aqui apareceram na cena dos crimes. Este bando é o mais numeroso.Outros assaltantes estão roubando veículos na cidade para praticar crimes no interior. O chefe do SI suspeita que sejam dois indivíduos agindo junto, mas não descarta a participação de mais pessoas.A terceira situação é de um rapaz que já foi preso por furtar veículos e que agora está agindo com um comparsa, praticando roubo de veículos. Neste caso, os veículos levados – na maioria motocicletas – são vendidos, geralmente, na área rural do município ou regiões vizinhas.Paulo Ullmann ainda fala de uma quarta situação, já comprovada. “As pessoas fazem maus negócios e depois registram como se o seu veículo tivesse sido furtado”, argumenta. Isto também colabora para o elevado número de furtos de veículos.Ele explica, revelando um caso esclarecido na semana passada. O chefe do SI menciona que no dia 19 de setembro, um homem procurou a DPPA e registrou o furto da sua moto, ocorrido na noite anterior. No Boletim de Ocorrência (BO), mencionou que a moto sumiu da frente da sua casa.O furto foi colocado no sistema informatizado da Secretaria de Segurança Pública, como acontece com todos os furtos ou roubos de veículos. Assim, quando um destes veículos for flagrado em uma blitz ou pelo aparelho denominado de ‘dedo duro’, será apreendido.Foi o caso desta moto. Na semana passada, uma mulher foi abordada pela Brigada Militar de Santa Cruz do Sul, quando conduzia a moto em questão. Indagada, disse que a comprou por R$ 800. O caso foi investigado e o homem que registrou o furto na DPPA, confessou que, na verdade, fez o registro porque vendeu a moto e não estava recebendo o valor acertado.A moto foi recolhida, mas ainda não há uma definição para quem pertence. “E ele vai responder pela falsa comunição da ocorrência, que é um crime”, completa Ullmann.
FALTA EFETIVOApesar de não ser uma situação aberta publicamente pela Brigada Militar, a questão do déficit no efetivo é o principal problema enfrentado pelo comando da 3ª Companhia. Um levantamento da Folha do Mate mostra que nos últimos anos houve uma diminuição superior a 20% no efetivo. Isso impossibilita um trabalho preventivo, já que faltam brigadianos para mandar às ruas.A defasagem é histórica, mas em anos passados o maior problema era a falta de viaturas. Hoje, Brigada Militar e Polícia Civil estão bem equipadas, mas sucumbem à falta de material humano.