Um dia após ter seu apartamento e escritório alvos de mandados de busca e apreensão, cumpridos pela Polícia Federal, o vice jurídico do IBSaúde, Vinícius Medeiros, esteve na Folha do Mate para se manifestar a respeito do episódio. Na quinta-feira, 10, à tarde, Medeiros, que é também presidente do PSDB em Venâncio Aires e professor universitário, deu a sua versão para o episódio que chamou atenção da comunidade venâncio-airense. “Estou tentando entender o que aconteceu e quero ter respostas o mais breve possível”, afirmou.
Medeiros disse que foi surpreendido, antes das 7h desta quarta-feira, 9, com a presença dos agentes da Polícia Federal. Informado sobre os mandados, franqueou a entrada dos policiais e soube que a busca era por documentos e informações relacionadas ao contrato de prestação de serviços que o IBSaúde tem com a Prefeitura de São Leopoldo, referente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Scharlau. “Não teve casa revirada, nada disso. Perguntaram o que eu tinha em um e outro lugar e eu respondi. Levaram alguns documentos estatutários do IBSaúde, telefone e computador”, esclareceu o vice jurídico.
Ele ressaltou que já solicitou os elementos dos autos do processo, mas ainda não teve acesso. “Não sei, realmente, que tipo de decisão foi tomada. O que sei é que determinaram as buscas porque sou o vice jurídico do IBSaúde, não é em relaçã

o à pessoa física Vinícius Medeiros”, argumentou. De acordo com ele, nos próximos dias os fatos devem ser melhor esclarecidos, a partir da obtenção de novas informações sobre a Operação Autoclave, deflagrada pela Polícia Federal e Controladoria Geral da União (CGU).
“Não fui convidado a dar depoimento, nem conduzido a qualquer lugar. Tenho consciência de que sou pessoa pública e estou à disposição para fazer todos os esclarecimentos que forem necessários.”
VINÍCIUS MEDEIROS – Vice jurídico do IBSaúde
Prestação de contas
Medeiros acredita que o fato gerador da operação seja a forma como a Prefeitura de São Leopoldo faz a prestação de contas relativa à UPA Scharlau. “O IBSaúde é quem presta o serviço. O contrato é cumprido integralmente e nunca houve qualquer apontamento. O Município é o fiscalizador, bem como o responsável pela prestação de contas. E a CGU analisa as informações da Prefeitura, porque parte dos recursos da UPA é do Governo Federal. Me parece que a CGU não aceita a maneira como é feita esta prestação de contas, ou seja, uma questão de formalidade jurídica, pois não entende como correto”, complementou.
Sobre a orientação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), no ano passado, para que o contrato de prestação de serviços não fosse renovado, o vice jurídico do IBSaúde declarou que a manifestação “é opinativa” e que a Prefeitura passou a economizar recursos a partir da contratação da organização social. “A UPA fazia cerca de três mil atendimentos por mês, a um custo de R$ 1,4 milhão. Hoje, o número de atendimentos é de quase nove mil a cada 30 dias, com uma despesa de R$ 950 mil. Os atendimentos estão acontecendo, o serviço é acessível e os médicos e funcionários estão lá, não são fantasmas”, comentou.
Notificação extrajudicial
- Na quinta-feira, Vinícius Medeiros revelou à Folha que o IBSaúde foi notificado extrajudicialmente pela CGU para que prestasse esclarecimentos em relação ao contrato de prestação de serviços que tem com a Prefeitura de São Leopoldo.
- Segundo documento que apresentou à reportagem, o prazo para resposta encerrava ontem, dia 10 de outubro. “Isso me surpreendeu ainda mais, pois um dia antes a operação foi deflagrada. E eu já tinha enviado as informações na sexta-feira, dia 4”, disse.
Repercussão política
- Vinícius Medeiros também falou da repercussão do fato no meio político. Ele afirmou que tem consciência de que “o efeito colateral é inevitável”, mas confia que sua credibilidade não será abalada. “É uma situação que precisa ser explicada, eu sei. Isso pode levar tempo, mas prestarei contas aos venâncio-airenses”, garantiu.
- Nome forte do PSDB – partido que preside na Capital Nacional do Chimarrão -, para as eleições de 2020, ele declarou que, “neste primeiro momento, não estou buscando tanto a dimensão política do episódio, embora saiba que o desgaste é natural”. Dar atenção à família e aos amigos foi o que ele fez nas horas seguintes à ação da Polícia Federal.
- Para Medeiros, “julgar previamente vai de cada um, mas eu estou com a consciência tranquila, equilibrado e sereno”. “Sou o principal interessado nesta questão, pois como professor de Direito Penal e mestre em Direito Processual Penal, sei onde isso pode parar. Mas, como disse, me considero maduro o suficiente para aguardar o tempo de esclarecimento dos fatos”, concluiu.
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