Definição da nova Mesa Diretora da Câmara ainda deve render muitos debates
Definição da nova Mesa Diretora da Câmara ainda deve render muitos debates

Embora uma sessão extraordinária esteja convocada para o dia 30 com intuito de eleger a nova Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Venâncio Aires, uma orientação solicitada pelo vereador Tiago Quintana (PDT) – um dos oito parlamentares que apoiam a chapa liderada por Helena da Rosa (MDB) – antecipa a ilegitimidade da realização do pleito em sessão extraordinária. Desta forma, uma votação só estaria ‘regimentalmente aprovada’ para acontecer em janeiro.

O parecer é do Instituto Gamma de Assessoria a Órgãos Públicos (Igam). “Se a eleição ocorrer, o resultado não será válido e poderá ser questionado judicialmente”, observa o advogado e diretor da entidade, André Leandro Barbi de Souza, em entrevista à Folha do Mate. Diante desse cenário, a comunidade venâncio-airense pode aguardar novos capítulos sobre a tumultuada eleição da presidência do Legislativo.

Na última semana, o presidente da Casa, Eduardo Kappel (PL), anunciou a nova data para a votação – depois de tirar a eleição da pauta da última sessão ordinária do ano. Perguntando pela reportagem sobre a legalidade da eleição da Mesa Diretora ocorrer em sessão extraordinária, Kappel disse, na quinta-feira, 19, por telefone, que consultou o Igam. No entanto, na segunda-feira, 23, em nota oficial encaminhada pela assessoria da Câmara de Vereadores foi informado que o Legislativo não fez nenhuma consulta ao instituto. “Dessa forma, desconhecendo o teor da suposta consulta, a Casa não irá se manifestar”, disse a manifestação solicitada pela Folha.

REGIMENTO INTERNO

A reportagem teve acesso à orientação enviada pelo Igam na sexta-feira, 20, e confirmada, ontem, em entrevista com o diretor do Instituto. Souza afirmou que o Regimento Interno da Câmara de Vereadores é soberano. “Não é uma interpretação. Os artigos são claros”, frisa.

Segundo a própria orientação técnica emitida pelo Igam, o Regimento Interno da Câmara determina que a eleição da Mesa deve ocorrer na última sessão plenária ordinária do mês de dezembro, ou seja, deveria ter acontecido no dia 18 de dezembro. “Essa data, portanto, é regimentalmente fixada, estando indisponível para alteração, seja por iniciativa do Presidente, da Mesa ou de vereador”, diz o documento. Também com base o que diz o Regimento Interno, o Igam observa que uma sessão extraordinária só pode ser convocada para apreciação de matéria em Ordem do Dia, para palestras e conferências. “O Regimento não indica a possibilidade de eleição da Mesa Diretora em sessão extraordinária”, frisa Souza.

ELEIÇÃO SÓ EM 2020

Como a eleição não foi realizada na última sessão ordinária, o caminho previsto no Regimento é aguardar a vacância dos cargos da atual Mesa Diretora e, a partir do dia 1º de janeiro de 2020, fazer a votação. Até dia 31 de dezembro, Eduardo Kappel segue na presidência, depois disso, segundo o Regimento Interno, o vereador mais votado da atual legislatura, Gilberto dos Santos (PTB), deve assumir a função e fica responsável por convocar a eleição dentro de três dias úteis. Ele também deverá responder institucionalmente pela gestão da Câmara, até a posse dos novos eleitos.


Cenário

  • Na quarta-feira, 18, data da última eleição ordinária, duas chapas estavam inscritas: uma encabeçada pela vereadora Helena da Rosa (MDB) e outra por Eduardo Kappel (PL), que tenta a reeleição.
  • Segundo o Igam, a votação só pode ocorrer com a maioria absoluta dos vereadores. No entanto, mesmo que o presidente realize o pleito no dia 30 com a maioria dos parlamentares, o resultado pode ser anulado, pois trata-se de uma sessão extraordinária.
  • Ainda, de acordo com o instituto, mesmo que tivesse unanimidade na votação, o resultado não poderia valer. “É uma questão constitucional. Por hipótese, mesmo que todos concordassem, o regimento não estaria sendo cumprido”, explica.
  • Segundo o vereador Tiago Quintana (PDT), o grupo de vereadores que apoia a candidatura de Helena da Rosa para presidência – são oito – deve se reunir, ainda nesta semana, para definir como procederá no dia 30 de dezembro, data da sessão extraordinária convocada pelo presidente. Inclusive, cogita-se a possibilidade de não comparecem na reunião. “O grupo mantém a união e a coesão mais do que nunca. A tentativa de golpe já aconteceu, então temos esse dever de defender o poder Legislativo”, disse Quintana.

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