A eleição para a nova Mesa Diretora da Câmara Municipal de Vereadores de Venâncio Aires ainda nem foi realizada – está remarcada para o dia 30, uma segunda-feira, às 19h -, mas já deixa reflexos significativos para a política local. O mais relevante, pelo que se apresenta, é que o governo perdeu maioria no Legislativo.
Esmagadora em vários momentos da atual legislatura – chegou a contar com 12 votos, quando o PDT ficou isolado na oposição – e dominante nos três primeiros anos, a base vai iniciar 2020 precisando negociar, e muito, para assegurar as aprovações dos projetos de interesse do Poder Executivo.
O próximo ano vai começar com o placar de 8 a 7 em votos para a oposição. As mesmas formações das chapas de Helena da Rosa (MDB) e Eduardo Kappel (PL) para a Mesa Diretora devem ficar em diferentes ‘fronts’ em 2020. Escorraçado do governo, com as exonerações de dois secretários e mais oito cargos em comissão (CCs), o MDB deve assumir protagonismo nas ações de oposição. Mesmo André Puthin, que não tinha indicados na Prefeitura, deve aproveitar para fortalecer seus laços com o partido. Helena e Izaura, diretamente atingidas com as perdas de cargos, podem, inclusive, liderar uma ‘resposta’.
Em se confirmando a eleição de Helena para a presidência, cabeças podem rolar na Câmara. Nesta quarta-feira, 18, indignada com o fato do presidente Eduardo Kappel ter tirado a eleição da Ordem do Dia, além de cobrar vereadores da oposição, ela disparou contra os assessores jurídicos Mateus Deitos da Rosa (indicação do vice-prefeito Celso Krämer, do PTB) e Eduardo Birkhan (indicado de Kappel), e a diretora geral, Tata Haussen, também indicação de Krämer.
Nos bastidores, dispensas já são ventiladas, como contraveneno às exonerações consolidadas na Prefeitura. Outros CCs que ocupam cargos no Legislativo também podem ser atingidos, mas há a possibilidade de manutenção de alguns servidores.
PRIMEIRO SINAL
A primeira sinalização de que a maioria do governo na Câmara foi para o espaço veio na sessão de quarta-feira, 18. Na Ordem do Dia, na votação do Projeto de Lei número 201/2019, do Executivo e que pedia autorização para a contratação de financiamento junto ao Banco do Brasil, no valor de R$ 1,6 milhão, a ‘nova oposição’ (votos do MDB, PDT, PSC e um do PSD) foi decisiva para reprovação da matéria por 8 a 7. O prefeito Giovane Wickert (PSB) disse que a atitude dos vereadores contrários à iniciativa foi “lamentável”.
De acordo com ele, reprovar o projeto foi o mesmo que “votar contra as máquinas e rolos compactadores ao interior”. Um dos contrários ao financiamento, Nelsoir Battisti (PSD) afirmou que não iria assinar “mais um cheque em branco para a Administração, que já pegou empréstimos demais”.
A julgar pelo perfil dos vereadores do MDB, talvez não ocorresse com os indicados do governo, na Câmara, o mesmo que aconteceu com os emedebistas na Prefeitura. No entanto, o presidente Paulo Mathias Ferreira, que também teve um indicado exonerado do Executivo, estaria disposto a promover o ‘olho por olho, dente por dente’.
CENÁRIO PARA 2020
Oposição
• Helena da Rosa (MDB)
• André Puthin (MDB)
• Izaura Landim (MDB)
• Tiago Quintana (PDT)
• Ana Cláudia (PDT)
• Sid Ferreira (PDT)
• Nelsoir Battisti (PSD)
• Ciro Fernandes (PSC)
Situação
• Eduardo Kappel (PL)
• Zé da Rosa (PSD)
• Sandra Wagner (PSB)
• Adelânio Ruppenthal (PSB)
• Gilberto dos Santos (PTB)
• Ezequiel Stahl (PTB)
• Clécio Espíndola (PTB)
Importante: É esperado para 2020 o retorno de Arnildo Camara (PTB) ao Legislativo. Atualmente, ele é secretário municipal de Habitação e Desenvolvimento Social e, se retornar, quem deixa a Casa é Clécio Espíndola, o Galo (PTB).
ESCLARECIMENTOS
Ainda sobre as exonerações anunciadas na quinta-feira, 19, o prefeito Giovane Wickert (PSB) esclareceu sobre servidores que tiveram relação com o partido, mas não integram mais as fileiras emedebistas. Por isso, não foram afastados ou já haviam deixado a Prefeitura.
• Loreti Scheibler, secretária de Administração, não é filiada ao MDB.
• Djalma Nunes da Silva era filiado ao MDB quando da sua indicação. Hoje não está mais filiado.
• Silvana Gerhardt, chefe de departamento da Educação, era indicação do MDB e saiu, pois está morando em Porto Alegre.
• Rodrigo Barreto, indicação do MDB, saiu por assumir outros compromissos empresariais.
• André Henckes, cedido para atuar na Secretaria da Educação.