A coligação entre PDT e PT nasceu com a promessa de ‘tempo de mudança’ e chega, após um mandato e meio, ou seja, seis anos de governo, a um cenário de incertezas sobre o futuro da aliança. Aliás, a única que conquistou uma reeleição na história política de Venâncio Aires. Sem diálogo, os respingos de falas isoladas mostram que os dois partidos que governam a Capital do Chimarrão não vêm se acertando mais.

De um lado está o PDT, partido do prefeito Airton Artus, que diante de declarações de ataque ao governo do presidente da Câmara de Vereadores, o petista José Cândido Faleiro Neto, tem dúvidas sobre a posição do PT, partido do vice Giovane Wickert e não abre possibilidade de diálogo, pelo menos por enquanto. Já o PT garante que, por muitas vezes, quis se reunir com a executiva pedetista, mas não teve retorno algum. Embora os principais episódios deste impasse estejam sendo protagonizados entre Airton Artus e Cândido Faleiro, ambos não deixam de representar posições políticas e partidárias e, as duas declarações, estão refletindo na coligação e, principalmente, no futuro da Administração.

Para o escanteioNesta semana, um novo e importante capítulo desta novela política teve exibição. Na quinta-feira, Artus reuniu-se com vereadores da base governista. Detalhe: apenas parlamentares do PDT e DEM. O PT não foi convidado. O chefe do Executivo não escondeu suas dúvidas com as posições petistas e, mesmo não citando o vice, mostrou-se incomodado com as declarações de Cândido, no Legislativo. Chegou a dizer que não sabe se o PT é mais oposição ou situação e, por isso, o partido, nem mesmo o vice, foi convidado para a reunião que debateria as ações do governo e projetos para Venâncio.Artus deixou claro à reportagem da Folha que não sabe o que esperar, pois não recebeu do partido nenhum ‘desmentido’ oficial do que Cândido falou, dando a entender que aguarda uma posição oficial do partido. Por outro lado, Wickert afirma que há mais de 30 dias o PT vem pedindo uma reunião com o PDT e não tem retorno. Ele mesmo solicitou uma conversa, após as eleições, quando concorreu a deputado estadual, mas Artus saiu, na época, de viagem e, até agora, o encontro não aconteceu. Segundo Wickert, o presidente do PT, Edemir Freda e o vereador petista Vilson Gauer, também tentaram uma conversa. “Ele me disse que em função das declarações e dos desencontros de parte a parte, não haveria ambiente de conversa entre PDT e PT, a não ser que ele escolhesse as pessoas que participariam da reunião, o que eu discordo pois daí não vamos efetivar e sim, só aumentar o conflito.”Para Wickert as declarações mediadas pela imprensa vêm colocando mais “gasolina na fogueira.” Como vice-prefeito, afirma que tem buscado conversar com o presidente da Câmara e filiados para terem cautela e colocar os problemas na mesa e resolvê-los parte a parte.

Artus: momento de reflexão

GUILHERME SIEBENEICHLER

O prefeito Airton Artus não confirmou a tentativa de agendar uma reunião entre os dois partidos. O chefe do Executivo, que também é o presidente do PDT, destaca que a sigla passa por um processo de reflexão interna. “Estamos avaliando medidas e conversando de forma interna no partido. é um período de reflexão, e decisões poderão ser tomadas a partir do próximo ano.”Artus argumenta também que as relações entre os dois principais membros da base aliada foram abaladas por declarações do presidente da Câmara de Vereadores. “Algumas declarações estremeceram as relações dos dois partidos, algo que precisa ser avaliado pelas direções,” conclui.

Leia o Tira-teima com Giovane Wickert