Depois de dois dias de paralisação dos médicos, os atendimentos nos postos de saúde de Venâncio Aires voltam ao normal hoje. A mobilização ocorrida na terça-feira, 30, e ontem envolveu médicos e estudantes de Medicina de todo o Brasil e marca a luta da categoria contra os vetos presidenciais ao Ato Médico — lei que regulamenta a atividade da medicina no país — e ao programa Mais Médicos, lançado pelo governo federal no início do mês e que prevê a contratação de profissionais do exterior. De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde, na Capital Nacional do Chimarrão, cerca de 60% dos médicos vinculados à rede pública de saúde aderiram à mobilização.
Segundo o secretário da Saúde, Celso Artus, a mobilização no município atingiu, em especial, os postos de saúde, pois a paralisação se voltou aos atendimentos eletivos e, por isso, não resultou em interrupções nos procedimentos de urgência e emergência prestados pelo Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Apesar da paralisação dos médicos, Artus salienta que os postos de saúde permaneceram abertos, pois os demais procedimentos ligados à área da Enfermagem e os atendimentos odontológicos, por exemplo, não sofreram interrupções. De acordo com a administração do HSSM, nos dois dias de paralisação também não foram realizadas cirurgias eletivas no hospital, mas os demais serviços ocorrerão normalmente.
Em Venâncio Aires, o apoio dos médicos à mobilização nacional se deu a partir da adesão da Associação Médica de Venâncio Aires (Amva) à paralisação. Sobre os objetivos da paralisação, a presidente Sandra Knudsen também ressalta o desejo de chamar a atenção da população para o fato de que a crise que o Brasil enfrenta na saúde não se resume a falta de médicos. “O problema é muito mais amplo do que isto.”
Sandra salienta que as categorias médicas se queixam porque não foram envolvidas na elaboração das medidas sugeridas pelo governo. “Queremos que a população entenda que os médicos também estão interessados em melhorar a qualidade do atendimento, lutando ao lado da população por melhores condições e estrutura para realizar um trabalho eficaz e que resolva o problema do paciente”, frisa. Sobre a paralisação dos médicos, diz que alguns diminuíram a agenda e outros suspenderam os atendimentos.
AVALIAçãO
As entidades médicas gaúchas consideram que os dois dias de paralisação dos serviços eletivos de saúde no país e no Estado mostram a união da categoria na luta por mais investimento e uma gestão de qualidade no SUS. O presidente do Sindicato Médico do RS (Simers), Paulo de Argollo Mendes, destaca que a mobilização foi vitoriosa. “No Brasil, 21 estados e o Distrito Federal aderiram à paralisação. O Rio Grande do Sul também mostrou a sua indignação com a tentativa do governo de transformar o médico em vilão. A categoria médica deu um forte recado às autoridades”, ressaltou.
Como solução para os graves problemas da saúde pública brasileira, as entidades exigem mais investimento da União, passando de 4,4% da receita para 10%, e a criação de uma carreira de Estado para médicos, como forma de fixar os profissionais no interior.
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