Depois do feijão, outro item essencial da mesa dos brasileiros está pesando no bolso do consumidor: o leite. O aumento vem sendo repassado e sentido semanalmente. Uma marca de leite integral, cujo litro custava, há um mês, R$ 2,79, nos últimos dias chegou a R$ 3,99, um aumento de R$ 1,20. O acréscimo, neste caso, foi de 43%.
A reportagem da Folha do Mate pesquisou os preços do litro do leite em alguns supermercados de Venâncio Aires e verificou que a maioria bateu ou passou da casa dos R$ 4. Em um estabelecimento, o leite subiu em média R$ 0,10 em cada semana do último mês e, conforme o responsável pela parte administrativa do supermercado, Everton Frey, além do leite, os derivados também estão aumentando, proporcionalmente.
Em um segundo estabelecimento, conforme o auxiliar administrativo Glaico Decker, o preço do leite sofreu um aumentou de 34% em um mês, com base no comparativo da última compra realizada pelo mercado. Segundo apurado pela Folha, o litro do leite desnatado e integral varia entre R$ 3,99 a R$ 4,29, conforme a marca. O preço mais ‘salgado’ fica para o tipo zero lactose, que chega a custar em torno de R$ 5.
COMPRAé nesta hora que o comerciante Manuel Luz, de 60 anos, fica atento às promoções. Conforme ele, não se pode deixar faltar leite em casa, pois os netos ainda são pequenos e precisam do alimento. “Para eles, é fundamental, mas para nós, adultos, é possível cortar e substituir”, destaca. Mesmo optando por promoções, Luz reforça que prioriza algumas marcas que lhe dão confiança, devido aos escândalos do leite revelados em operações do Ministério Público.
JUSTIFICATIVA Segundo o chefe do escritório municipal da Emater/RS-Ascar, Vicente Fin, o aumento é justificado por diversos fatores. “A redução das pastagens, por conta da chegada do frio, e o reajuste no valor dos insumos, como milho e farelo de soja, utilizados na alimentação do rebanho leiteiro, são alguns dos vilões do aumento registrado. Isso também levou os produtores a reduzirem o seu plantel”, esclarece ele.
Fin explica que no supermercado o leite está sendo encontrado mais caro, porém essa elevação significativa envolve, também, todo o processo de leite, desde o produtor, a embalagem, o transporte e o valor que está sendo pago a quem produz o alimento.
Leite, um alimento fundamental
O consumo do leite é muito importante para a saúde, pois ele contém as proteínas de alta qualidade que auxiliam na construção de tecidos, ajudando na preservação dos músculos, cabelos, unhas e demais partes do corpo. Possui vitaminas A, B e D, que protegem os olhos, fornecem energia e otimizam a concentração, além de combater a anemia e fortalecer os ossos. Os mineiras favorecem o processo de cicatrização e melhoram o sistema imunológico.
Nas diferentes fases da vida, o leite contribui para o desenvolvimento tanto físico quanto intelectual. Conforme divulgado pelo site Brasil Escola, para crianças até seis anos, o cálcio presente no leite auxilia na composição de ossos e dentes. O consumo de leite deve ser mantido para suprir as necessidades minerais do organismo, mesmo depois dessa fase.Na adolescência, ao fortalecer os ossos que estão sendo formados até aproximadamente os 30 anos de idade, o consumo previne a osteoporose no futuro. Depois dos 30 anos de idade há uma perda natural de cálcio e, para a manutenção da vida saudável, é necessário que a alimentação rica em cálcio permaneça.
FIQUE POR DENTRO
O preço do litro do leite está sendo reajustado nas prateleiras dos estabelecimentos que comercializam o produto no Rio Grande do Sul em virtude de problemas climáticos e da elevação dos custos de produção. Entre janeiro e junho, a alta média chegou a 32%, mas a estimativa é de que supere os 40% neste mês.
O Conselho Estadual do Leite (Conselheite), que todos os meses divulga a estimativa para o valor de referência pago aos produtores, reforça que o clima prejudicou o desenvolvimento das pastagens de inverno. Ainda segundo o Conselheite, a alimentação suplementar com ração também ficou muito mais elevada.
Além disso, os investimentos dos pecuaristas no que tange a alimentação dos animais foram desestimulados pela valorização do milho e do farelo de soja, ocasionando menor produtividade do leite.
O Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat-RS) aponta ainda o aumento do consumo em razão do frio. E o pior: pelo cenário apresentado atualmente, não se descarta que o valor do litro do leite pare de subir.