O levantamento de preços da lista de compras deste mês aponta uma queda de 0,39% no preço médio para adquirir os 38 itens pesquisados pela Folha do Mate. Em maio, o aumento tinha sido de 2,81% e era necessário R$ 292,05 para a compra de todos os produtos. Neste mês, o valor médio ficou em R$ 290,91. Em contrapartida, 18 itens tiveram aumento no preço, 14 queda e seis permaneceram iguais.
A alteração mais significativa neste mês foi no preço do quilo do presunto magro que diminuiu R$ 1,34, passando de R$ 23,93 para R$ 22,59 o preço médio. Já o aumento foi no preço do queijo mussarela, que passou de R$ 27,23 para R$ 28,56, uma diferença de R$ 1,33 no valor médio cobrado pelo quilo do produto.
A pesquisa dos preços foi feita na manhã desta segunda-feira, 8, nos três supermercados utilizados como base para o levantamento, realizado desde janeiro de 2019. Além da movimentação menos intensa nos estabelecimentos nos últimos meses, é possível perceber nas últimas pesquisas a dificuldade de encontrar produtos da mesma marca nos três locais.
São levadas em conta para a pesquisa marcas líderes de mercado e a checagem é feita do valor praticado do mesmo produto. Porém, alguns estão em falta nas prateleiras. Neste mês, por exemplo, não foram encontradas as mesmas marcas de óleo de soja, detergente, presunto e açúcar refinado. Nestes casos, são levados em conta produtos disponíveis com valores aproximados aos demais estabelecimentos.
Desde a primeira pesquisa, feita em janeiro de 2019, esta é a sétima vez que a lista de compras sofre queda no valor médio. Neste ano, é a segunda vez que diminui, sendo que a primeira foi no levantamento de preços de março, quando o valor médio passou de R$ 280,65 para R$ 275,53.
Mesmo preço e embalagem menor
Uma mudança que pôde ser notada desde o ano passado foi no tamanho das embalagens dos produtos. Muitos itens que nos primeiros meses da pesquisa eram disponibilizados em um formato, agora estão em embalagens menores. Alguns exemplos são o sabão em pó, que passou de um quilo para 800 gramas, o extrato de tomate que passou de 370 para 340 gramas e o sabão em barra, que foi de 500 para 400 gramas.
Além dos produtos que integram a lista de produtos pesquisados pela Folha do Mate, outros itens também chamam a atenção dos consumidores pelo tamanho ter diminuído, mas o preço continuar o mesmo, como as barras de chocolate e pacotes de bolacha de algumas marcas específicas.
A aposentada Inês Maria Nunes, 62 anos, afirma que não notou a mudança de tamanho das embalagens. “A diferença é tão pouca que nem notei, mas se fizer as contas dá diferença no final”, diz. Ela afirma que não faz mais rancho, vai ao mercado para comprar as coisas que faltam, sempre na tentativa de economizar. “Sempre procuro a promoção e compro aos poucos, às vezes de um dia para o outro já muda o preço. Tem que ficar de olho”, declara.
O economista Eloni Salvi, professor da Universidade do Vale do Taquari (Univates), explica que a diminuição das embalagens, para o consumidor, é o mesmo que aumento de preço. “Se antes um quilo custava R$ 10 e agora 800 gramas custam R$ 10 então o preço subiu 25%. Lembro-me de quando o pote de nata tinha 350g e agora vem com um ressalto e o mesmo tamanho de tampa, pesando 300g. A barra de chocolate era de 300 gramas e foi diminuindo o peso sem diminuir a área e agora só pesa 90g”, salienta.
O profissional destaca que esta é uma estratégia que pode ser usada para adequar-se às novas preferências dos consumidores, que vivem em famílias cada vez menores, e preferem porções menores. Porém, também pode ser uma estratégia de manter o preço e a lucratividade ou até de aumentar a margem de lucro, sem que o consumidor se dê conta.
“Sei que o consumidor, cada vez mais, procura por porções menores. Mas quando a indústria faz mudanças para que os consumidores não percebam a redução de volume, considero esta uma estratégia altamente questionável.”
ELONI SALVI
Economista
Acréscimo de 4,62% no semestre
- Em seis meses, o reajuste da lista de compras sofreu um acréscimo de 4,62%. Em janeiro de 2020, o preço médio dos 38 itens era R$ 278,06, já em junho corresponde a R$ 290,91.
- No primeiro semestre do ano passado, a alteração foi de 1,47%, já que o valor médio passou de R$ 256,62 para R$ 260,39.