O prefeito Airton Artus esteve reunido na manhã da segunda-feira, 16, na prefeitura, com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Venâncio Aires (STR), Elemar Walker, e com o presidente do Sindicato Rural, Ornélio Sausen, para tratar assuntos relacionados à agricultura, especialmente o tabaco. Na oportunidade, o grupo debateu o anúncio da restrição de crédito aos fumicultores e decidiu realizar uma manifestação oficial sobre o assunto. O documento denominado ´Carta de Venâncio Aires` será enviado a setores do Governo Federal e também à reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco, no mês de setembro, em Brasília.
Em mais uma medida contra a produção de tabaco no Brasil, o Governo Federal anunciou, no início deste mês, novas restrições para o acesso a crédito dos fumicultores brasileiros. A proposta é forçar os pequenos agricultores a diversificar a produção, impondo percentuais mínimos de plantação de outros produtos como condição para captar financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Com isso, em dois anos, o governo só vai liberar crédito aos fumicultores que tiverem 45% da renda da lavoura gerada por outras culturas. A notícia desagradou representantes do setor e motivou a manifestação dos defensores do tabaco em Venâncio Aires.
Líder do município maior produtor de tabaco do país, Artus sugere que as lideranças locais ergam a voz para serem ouvidas em Brasília. “As decisões são tomadas contrariando acordos e manifestações do próprio governo. Ainda nem começou a Conferência das Partes 5 (COP 5) e o Governo Federal já está jogando contra os produtores. Não podemos permitir essas medidas calados”, manifesta o prefeito, que ratificou o convite para que os dirigentes sindicais o acompanhem durante a próxima reunião da Câmara Setorial.
O presidente do STR, Elemar Walker, justifica que os produtores venâncio-airenses já não produzem somente tabaco, mas a maior fatia da renda da propriedade vem desta cultura. “é o que dá dinheiro”, ressalta. Para permitir o acesso ao Pronaf, o Governo Federal já exigia que 25% da receita do produtor de tabaco viesse de outra atividade produtiva. A nova portaria estabeleceu um cronograma para a elevação gradual desse percentual, que chegará a 45% na safra 2014/15.
A Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) calcula que a restrição vai atingir cerca de 200 mil famílias nos três Estados do Sul do Brasil. Em Venâncio Aires, a medida deve atingir até 3 mil famílias do total de 5 mil que plantam tabaco no município. (AI).
CARTA DE VENâNCIO AIRES
A preocupação com o futuro da agricultura.
Diante da decisão do Banco Central de restringir o acesso ao crédito dos fumicultores, exigindo aumento do percentual de renda não advinda da produção de fumo de forma gradual nos próximos anos e; diante da medida adotada também pelo Banrisul de restringir o crédito ao plantio do tabaco, o prefeito de Venâncio Aires, Airton Luiz Artus, juntamente com os presidentes dos sindicatos ligados à agricultura, Elemar Walker e Ornélio Sausen, vem por meio deste manifesto demonstrar preocupação e repudiar as últimas atitudes.
Adotadas de forma arbitrária e sem qualquer debate com as bases, o setor produtivo, ou mesmo as administrações dos municípios que têm na sua economia um dependência muito grande com relação ao tabaco, tal preocupação se estende também as possíveis decisões que o Brasil apoiará durante a COP 5, no mês de novembro, na Coreia do Sul.
Mesmo quando as medidas dependem apenas ao Governo Brasileiro, esse já tem se mostrado contrario à cadeia produtiva. Nosso temor aumenta, portando, diante da interferência de outras entidades e instituições, que podem acarretar um reflexo ainda mais grave para o setor.