Desde a visita do Secretário estadual de Segurança Pública, Airton Michels, a notícia da construção do presídio estadual fechado e de um semiaberto intramuros, em Vila Estância Nova, causa insatisfação a uma parcela da população, lideranças comunitárias e políticos de oposição ao governo municipal.
Desde então, diversas opiniões contrárias foram ouvidas, mas sem apontamentos de soluções. Foi a partir da reunião do Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGI – M), realizada na quarta-feira, 13, que uma nova proposta, contrária ao presídio estadual, foi colocada em pauta.
A Câmara da Indústria, Comércio e Serviços de Venâncio Aires (Caciva), presidida pelo empresário Claudiomar da Silva, apresentou uma proposta, em nome do empresariado local. A ideia foi vista como uma solução para este impasse que se arrasta a menos de um mês do início previsto para as obras do novo presídio. Claudiomar transferiu ao chefe do Executivo, a sugestão de tornar a atual área da casa prisional um futuro Distrito Industrial e assim, buscar uma nova área para a construção do presídio.
Ontem a reportagem ouviu Airton Artus, que ainda não havia se manifestado sobre o assunto. Ele admite receber com todos os detalhes a proposta da classe empresarial, entretanto, não escondeu que acha tardia a manifestação. “Cerca de três anos já discutimos o projeto e o problema era justamente a área. Não é tão simples conseguir uma área, sempre vai ser perto de alguém”, lamentou. E acrescentou: “é tarde. Quero saber de quem é o respaldo e se isso vem representando um segmento ou é o pensamento de todo um empresariado. Achei muito estranho isso surgir aos 46 do segundo tempo”, frisou.
Artus garantiu que a proposta têm seu apoio para ser levado ao governo do Estado, desde que a área indicada tenha a infraestrutura necessária. “Claro que se surgir uma oportunidade destas, conseguirem uma área melhor que aquela, é bom né, quem vai ir contra?”, questionou.
Na corrida contra o tempo, a ideia já seria levada a conhecimento do governador Tarso Genro, na próxima semana, buscando a reformulação do projeto. Para o prefeito, o maior problema seria justamente o tempo, além disso, acredita que a nova situação poderia atrasar em no mínimo, meio ano, até se ter novas definições.
Mesmo se mostrando aberto para um diálogo com a entidade, Artus reforça seu temor, caso se mantenha o semiaberto. “Nunca houve manifestação sobre o semiaberto, só quando se falou em fazer um fechado. Continuando a funcionar ali haverá um maior número de presos e daí cada um terá que assumir sua parte”.
Representantes da Caciva e da Administração devem se reunir na próxima segunda-feira para tratar do assunto. Para defender a ideia, o presidente da Caciva argumentou em entrevista na edição de ontem, a importância da atual área da Colônia Penal Agrícola para investimentos. Segundo Claudiomar, a concretização da duplicação da RSC -287 e a instalação do porto em Vila Mariante, se tornariam atrativos aos empresários. Para colocar o projeto em prática, a classe empresarial se comprometeria, em última instância, em até adquirir uma nova área para construção de um presídio, mas regional.
BRUM QUER AUDIêNCIA
O deputado Edson Brum (PMDB) encaminhou à Comissão de Segurança e Serviços Públicos (CSSP) um pedido de Audiência Pública, em Venâncio Aires. O evento servirá para debater sobre a intenção do Governo do Estado em instalar um presídio fechado no município.
A solicitação foi levada ao conhecimento do parlamentar pelo ex-vereador Nilson Lehmen, em nome da bancada do PMDB de Venâncio Aires. Através da assessoria de imprensa da prefeitura, Brum disse que, tendo em vista todas as consequências que a construção de uma casa de detenção pode causar na região, o diálogo com todos os setores envolvidos é de suma importância.