“Muitas políticas públicas precisam ser afinadas para atender às demandas dos jovens rurais e garantir sua permanência no meio rural”, afirmou o presidente da Emater/RS e superintendente geral da Ascar, Lino De David, no Fórum “Sucessão na Agricultura Familiar”, realizado no sábado de manhã, em Nova Petrópolis, durante o Rural Show. A ausência de jovens em 31,3% das propriedades familiares do Estado é considerada preocupante para De David, que analisou a baixa renda como fator determinante para a permanência, já que 50,3% dos 378 mil estabelecimentos de agricultura familiar no Estado têm renda de zero a R$ 10 mil por ano. “Os fatores divergem entre as diversas regiões do Estado, mas uma renda digna é fundamental para manter os jovens na roça”.
Ao final do evento, ficou definida a realização de debate sobre Sucessão Familiar Rural na Expointer 2012, que acontecerá de 25 de agosto a 2 de setembro, no Parque Assis Brasil em Esteio. “O tema da sucessão familiar rural não pode mais ser só da família, mas deve vir para a pauta política de toda a sociedade”, destacou De David.
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O presidente da Emater/RS destacou que o tema da sucessão familiar rural não é só do agricultor, mas da sociedade urbana e do Estado, dada a gravidade da situação. “Para mim, esse é o tema estruturante mais preocupante e sério, que precisamos enfrentar”, disse, ao analisar que 79,8% dos municípios gaúchos têm menos de 20 mil habitantes cada, sendo que 66,7% têm até 10 mil habitantes, “o que representa uma economia exclusivamente agrícola que, sem reprodução social, tende a desaparecer”.
Para De David, políticas públicas generalizadas não resolvem o problema da falta de jovens no meio rural. “é preciso entender as diferenças de público para então pensar políticas públicas diferenciadas”, disse, ao defender que “a diversificação na propriedade é uma das alternativas que garante estabilidade econômica e produtiva para a propriedade”.
Em sua apresentação, o presidente da Emater/RS analisou o modelo de desenvolvimento vigente, concluindo que a agricultura familiar incorporou esse mesmo modelo produtivo do agronegócio ou da agricultura empresarial. “Grande parte dos contratos do RS, financiados via Pronaf, entre 1998 e 2010, é para compra de insumos para as lavouras de milho e soja. Isso nos provoca a refletir sobre os bilhões investidos em agrotóxicos e monoculturas”, destaca.