A deputada estadual Regina Becker Fortunati (PDT) propôs, em fevereiro, o Projeto de Lei 21/2015 que derruba o artigo que permite o sacrifício de bichos em rituais religiosos. O principal objetivo é a proteção aos animais. Apoiado por alguns e rejeitado por outros, o projeto já entrou em discussão duas vezes pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Embora ainda não aprovado, o debate sobre o tema e votação do relatório ocorrerá pela terceira vez no dia 28 deste mês.

De um lado está a religião Umbanda, de outro, os protetores dos animais como a Associação Amigo Bicho de Venâncio Aires. A entidade defende o Projeto de Lei proposto pela deputada pedetista. De acordo com a presidente da Associação, Naís Andrade, existe a lei que ampara o uso de animais em rituais. Por sua vez, para que o ato não ocorra, a única opção é proibir, o que consta na proposta da parlamentar. A equipe da Associação é contra o sacrifício de animais, pois considera crueldade, bem como, acredita que suja o meio ambiente durante alguns rituais. “Existem os dois lados, o da crueldade e também o da sujeira, pois as pessoas não recolhem esses lixos, deixam eles no local”, observa Naís. 

Conforme a presidente, é relevante a proposição: “Considero essas práticas muito crueis e se o projeto for aprovado, com certeza vai trazer um impacto na sociedade.”

Fortalecimento da religião

A umbandista Leni Dias de Ogum, é contra o projeto. Explica que o sacrifício de animais é algo que provém dos ancestrais. “A gente precisa fazer o sacrifício dos bichos, porque é uma forma de materializar e fortalecer a nossa religião, pois cada religião se abastece de alguma coisa”, comenta. Conforme ela, os frigoríficos, por exemplo, também teriam que fechar, pois matam animais e obtêm lucro com isso. A umbandista ressalta que a carne do animal sacrificado serve para consumo próprio, enquanto o sangue é utilizado para tratar os orixás. “No momento que terminar o sacrifício de aves e outros animais, a religião não vai ser mais a mesma”, observa.Leni explica que às vezes existem pessoas que colocam aves em encruzilhadas, o que é proibido: “Sacrificar um animal para colocar fora não pode, eu não faço isso.”Conforme ela, os umbandistas não fazem trabalhos ruins, é o povo que pede o trabalho e os pagam por isso. “Não somos nós que queremos fazer a maldade, é o povo que quer, pois, hoje em dia, o povo está muito ganancioso, muito invejoso e não aceita quando alguém cresce na vida”, comenta.A umbandista acredita que a deputada deveria dar prioridade a outros assuntos, aqueles que dizem respeito à saúde pública, à educação e bem-estar da população: “Por que ela quer proibir alguma coisa que não faz mal a ninguém?”, finaliza.

 

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