Preocupado com a qualidade da erva-mate e, principalmente, com a saúde pública dos gaúchos, o promotor titular de Arroio do Meio e substituto de Arvorezinha, Paulo Estevam Araujo, instarou um inquérito para investigar a presença de metais como chumbo e cádmio na matéria-prima do chimarrão, bebida-símbolo dos gaúchos.
Embora a investigação tenha ganhado destaque nos veículos de comunicação de todo o estado somente ontem, ela vem sendo trabalhada há quase um mês, após uma carga de erva importada pelo Uruguai ter sido rejeitada pelo país vizinho, que é o principal destino da erva brasileira. O Ministério da Saúde Pública do Uruguai teria detectado presença destes elementos acima dos padrões uruguaios em erva importada do Brasil.
Conforme o promotor de Justiça, não se sabe qual ou quais marcas, nem mesmo, as cidades de origem da erva-mate analisada pelos uruguaios. Ele anunciou que embora os trabalhos estejam sendo conduzidos a partir de Arvorezinha – cidade pólo no cultivo e produção no Rio Grande do Sul – as principais marcas de erva-mate do estado estão na mira da fiscalização, o que pode incluir as duas principais marcar de Venâncio Aires – Elacy e Madrugada.Araújo informou serão realizadas análises para detectar se há presença de metais e espera que em 30 dias se possa ter algum resultado. A determinação surgiu a partir de uma reunião ocorrida na sexta-feira passada, 18, no Ministério Público da Comarca de Arvorezinha com representantes da Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). Foi instalado um grupo de trabalho e mostras das ervais gaúchas serão encaminhadas para o Laboratório Central do Estado (Lacen) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Outra preocupação do promotor é com a adição de açúcar não identificada na embalagem dos produtos. Segundo ele, há suspeitas de que o percentual informado no rótulo não corresponde ao existente.
MOTIVOSPaulo Estevam Araujo disse que o setor ervateiro já tinha conhecimento sobre a presença de metal, embora não soubesse se o motivo é o solo ou algum adubo utilizado. Também lhe informaram que não prejudica à saúde, pois com a infusão da folha, estes metais não chegariam a prejudicar a saúde.Conforme representantes da cadeia produtiva da erva-mate, um estudo privado, contratado pelos empresários do setor, já deram conta de que não há riscos para o consumidor. “Tomará que essas informações correspondem a verdade. Temos esta posição deles, mas nós, como investigadores, não podemos nos contentar com este estudo privado, por isso um laboratório público fará a análise.”
FISCALIZAçãOO representante do Ministério Público de Arvorezinha também destacou em entrevista à Folha do Mate que falta fiscalização efetiva dos produtos de origem vegetal, que é o caso da erva-mate, diferente do controle de qualidade que já ocorre com produtos animais como leite e carne. Além disso, se mostrou preocupado com a situação, principalmente pela representatividade que a bebida tem no estado. “Arrisco dizer que tem mais pessoas que bebem chimarrão do que leite aqui no estado”, destacou o promotor.
Notícia uruguaiaO jornal El País, do Uruguai informou, no final de maio que o Ministério da Saúde Pública impediu a venda de 200 toneladas de erva-mate que estariam com chumbo em excesso. Conforme a notícia, foram rejeitadas ervas de diferentes marcas, por não cumprir as regras do Mercosul.