
Na propriedade da família Stülp, em São Miguel – Santa Emília, já é a quinta geração morando por lá. São mais de 100 anos de trabalho na agricultura, passando de pai para filho e, se depender do representante mais novo da família, isso vai continuar por muito tempo.
William Gabriel Stülp tem apenas 17 anos, mas já tem certeza sobre seu futuro: quer continuar morando e trabalhando no interior. Ele confirmou isso à reportagem da Folha do Mate, mas no início do ano já tinha respondido a respeito a uma pesquisa feita pela Emater/RS-Ascar em 493 municípios gaúchos. O relatório, divulgado na última semana, revelou que 90% dos jovens que estão no campo pensam em permanecer nas propriedades rurais.
Em cada município pesquisado, cerca de 20 jovens foram entrevistados. No caso de Venâncio Aires, eles são moradores de localidades como Estância São José, Taquari Mirim, Vila Palanque, Linha Brasil, Linha 17 de Junho, Linha Maria Madalena e na região de Santa Emília. Todos com o discurso em comum de seguir na agricultura. Para William, a ideia é dar continuidade ao trabalho dos pais. “Tem muitos que saem do interior para ir para a cidade. Mas eu penso que na colônia tem mais vantagem. O ambiente é mais saudável, a gente faz nosso horário, descansa quando quer e fica perto do pai e da mãe”, explica William, que é filho único.
A resposta do jovem vai ao encontro da maioria dos anseios dos outros ouvidos pela Emater. Segundo a coordenadora da pesquisa, Clarice Bock, o objetivo foi conhecer a realidade dos jovens assistidos pela Extensão Rural e Social da entidade. “Quase 5.000 respostas foram positivas para o desejo de permanecer no campo e a renda ficou em terceiro lugar. A vontade de ficar está relacionada à família, pelo vínculo com o rural, de pertencer àquele lugar”, destaca Clarice.
O chefe do escritório local da Emater, Vicente Fin, participou da pesquisa em Venâncio Aires. Conforme ele, são jovens que realmente gostam da atividade agrícola. “Fica claro que eles têm vocação para o meio rural. Gostam do lugar, se referem à qualidade de vida, ao amor à terra, à valorização da história dos pais. Isso tudo antes de pensar na renda.”

PENSANDO NA DIVERSIFICAÇÃONa propriedade dos Stülp, atualmente William ajuda os pais Marcelo e Raquel na conclusão de dois aviários para comportar 25 mil frangos. Cada galpão terá cerca de mil metros quadrados. A criação de aves, segundo Marcelo, é mais uma forma de pensar na diversificação. “Apesar de um fumo ainda ser o carro-chefe, nos últimos anos estamos plantando menos e procurando diversificar.”
Nesta safra, foram 40 mil pés de tabaco cultivados, mas esse número já chegou a 65 mil em outras épocas. Para equilibrar a renda, passaram a vender leite e hoje mantêm 16 vacas, sendo 14 em lactação. Na lavoura, além do tabaco, alguma coisa de milho, mas apenas para silagem. Aipim e batata ficam para o consumo e o trato animal.
Para seguir na agricultura e com formas para diversificar a produção, William sabe que terá muito trabalho pela frente e conta com o apoio dos pais para tudo. A única ressalva dos orgulhosos Marcelo e Raquel, é que o filho ainda não terminou o Ensino Médio. “Quero que ele volte a estudar, porque se ele pensa em trabalhar no interior, do que jeito que as coisas vão se atualizando, ele vai precisar se atualizar também e ter conhecimento”, pondera Marcelo.
