
26 de julho – Dia dos Avós. “Velha é a vovózinha!”, quem já não ouviu esse ditado? Porém, se tornar avó não está relacionado com a chegada da aposentadoria e dos cabelos brancos. Com a idade em que ainda poderia ser mãe novamente, muitas já conhecem um novo sentimento e um recomeço na rotina familiar.
Experiência que chegou cedo para a professora Fabiana Martins, que se tornou avó aos 41 anos. O presente veio da filha, Milena Fontoura, de 21 anos. Segundo ela, o apoio da mãe foi fundamental em todo o processo e nos cuidados com o pequeno Miguel, que está prestes a completar dois meses. “É muito importante ter ela com a gente, ela cuida, dá segurança”, declara.
Fabiana participou de cada fase da gravidez da filha. O enfeite de porta e as lembrancinhas do pequeno Miguel foram feitos pela avó, dias antes do seu nascimento. A previsão de parto era para o final do mês de junho, mas o bebê nasceu prematuramente. “Resolvi fazer as lembrancinhas para me adiantar e ele nasceu dias depois, foi uma correria para arrumar tudo”, diz.
Para Fabiana, o papel da avó está ligado ao apoio familiar, é um cuidado diferente. Ela tinha 21 anos quando a Milena nasceu e teve o apoio da sogra, na época, nos primeiros cuidados. “Ela me ajudou muito e agora eu vejo a Milena aprendendo da mesma forma como eu aprendi”, conta. Ela destaca que a avó tem muitos papéis, o mais importante deles é dar suporte e estruturação para a filha ser uma boa mãe e transmitir segurança nos momentos de incerteza. Outra questão é saber amar, cuidar do neto, sem tirar o papel materno que é muito importante. “A gente fica mais permissiva, dizem que avó é mãe com açúcar e é mesmo”.
Sobre ser avó ainda na idade em que poderia ter mais filhos, ela diz que apenas tem medo de não poder dar tanta atenção ao neto. Fabiana trabalha na parte da manhã na EMEI Mônica e à tarde na Escola Zilda de Brito Pereira. Ela lembra que a vantagem de ser avó com mais idade é não ter tantos compromissos profissionais o que permite ficar mais tempo com os pequenos.

Relação benéfica para avós e netos
Segundo a psicóloga Letícia Nedwed, a relação entre avós e netos está entre as mais benéficas entre seres humanos, pois possibilita trocas entre diferentes fases da vida, que agregam na construção uma da outra. “Para os avós, a interação com os netos possibilita o contato com um geração mais nova e permite a construção de novas ideias e pensamentos a respeito da vida. A partir disso, eles podem encontrar novas possibilidades de pensamento e se reformular mental e psicologicamente”, comenta.
Isso ocorre porque, por meio das brincadeiras e dos cuidados com os netos, os avós acessam memórias, relembram sua infância e compartilham experiências, valorizando o que sabem. “Os netos trazem um sentimento positivo aos avós, uma sensação de vitalidade, energia, disposição e juventude. Isso acaba também ajudando a diminuir sintomas depressivos, pois eles se sentem mais úteis, principalmente aqueles que interagem bastante e brincam com os netos”, explica Letícia.
A psicóloga também observa que o convívio com as crianças estimula os avós a serem mais ativos fisicamente. Da mesma forma, eles mantêm a mente atualizada, muitas vezes, inclusive, com a ajuda dos pequenos para ingressar no mundo virtual e aprender a utilizar recursos tecnológicos. “Isso possibilita que eles conheçam um mundo novo de informações e não fiquem parados.”
Os netos, por sua vez, também ganham com essa relação. “As crianças aprendem a perceber e a respeitar as diferenças entre as gerações e as limitações. É uma troca enriquecedora, que ajuda no desenvolvimento da capacidade de autorreflexão e do senso crítico, contribuindo para a formação de um adulto saudável mentalmente”, enfatiza Letícia.